Kristen Stewart conversou com um jornal de São Francisco enquanto visitava a cidade para receber um prêmio no Mill Valley Film Festival, em outubro do ano passado. Ela falou sobre sua carreira agora que se aproxima dos 30 anos e sobre The Chronology of Water, seu próximo trabalho por trás das câmeras como diretora. Confira:

Quem melhor para interpretar Jean Seberg, a atriz americana que se tornou ícone da New Wave francesa, do que Kristen Stewart, uma estrela de Hollywood que se tornou a primeira atriz americana a ganhar um César por atuar em um filme francês?

As similaridades não terminam aí. A carreira de Seberg foi ”muito parecida com uma amarelinha. Assim como a minha,” Stewart disse.

E ambas tiveram mais do que um número justo de confrontos com a mídia, Seberg durante o começo difícil de sua carreira em Hollywood e então, mais famosamente, enquanto enfrentou escrutínio intenso após se envolver com os Panteras Negras no final dos anos 60. Esse período é o assunto do novo filme, Seberg Contra Todos.

Enquanto isso, Stewart experienciou a fama meteórica como estrela da saga Crepúsculo e ganhou uma fã base que a segue a cada movimento. E, justo ou não, cada filme que ela estrelou desde a conclusão da saga em 2012 foi escrutinizado por seu sucesso na bilheteria – ou falta dele – e também pelo o que ela trouxe para o filme artisticamente.

”Eu consigo me relacionar totalmente com isso – essa plataforma que se virou tão violentamente contra ela é algo que eu provei superficialmente, então esse sentimento de estar fora de controle disso me fez compreender mais essa situação em particular,” Stewart disse durante uma visita a São Francisco em outubro, em uma tarde antes de receber um prêmio no Mill Valley Film Festival. ”Apenas em termos de crescer e conseguir um certo nível de reconhecimento que requer que você interaja com a imprensa e com o público em massa, há momentos em que as coisas não parecem ser verdadeiras, não importa quantas vezes você tenta se convencer.”

”Apenas ter mentiras escritas sobre você e pessoas como cão de guarda em cima de você… mas obviamente, eu nunca fui atacada do jeito que ela foi.”

Seberg é o terceiro filme estrelando Stewart que estreia desde novembro – após As Panteras e Ameaça Profunda. É ambientado em sua maior parte na Califórnia e em Paris durante o final dos anos 60, quase uma década após Acossado, quando Seberg estava sendo vigiada pelo FBI por estar envolvida com os Panteras Negras, operando em Oakland e Los Angeles. É dirigido por Benedict Andrews e co-estrelado por Anthony Mackie, Zazie Beetz, Vince Vaughn e Margaret Qualley.

É também um exemplo sobre a parte subestimada da carreira de Stewart: sua preferência por fazer filmes independentes interessantes, desde Joan Jett em The Runaways a estrelar dois filmes na França com o famoso diretor Olivier Assayas: Acima das Nuvens e Personal Shopper. Também recomendado: Lizzie de 2018.

”Eu amo filmes independentes mais do que tudo,” Stewart disse. ”Eu amo! Mas não é uma situação ‘um para mim, um para eles.’ Eu honestamente fiquei atraída pelos filmes maiores que me envolvi, e então eu fico tipo, ‘Oh, ok, preciso mudar um pouco.’ Mesmo durante todos os filmes de Crepúsculo – fizemos cinco deles – eu fiz um ou dois filmes independentes. Eu sempre tive sorte o bastante para encontrar coisas que me estimulam e pessoas com quero me alinhar em ambientes diferentes.”

Se alguém parece bem equipada para navegar nos altos e baixos de Hollywood, é Stewart. Nascida em uma família do show business, ela se tornou atriz mirim, mais reconhecida como a filha de Jodie Foster em O Quarto do Pânico, de David Fincher. Mesmo com apenas 29 anos – ela fará 30 em abril – Stewart está na indústria há duas décadas.

Então, naturalmente, ela quer dirigir.

”Oh, claro que sim!” ela diz com uma risada. ”Eu quero dirigir desde que era pequena… Ser tão jovem e trabalhar com Fincher foi interessante porque eu não sabia como mais ninguém trabalhava. Então seu jeito radical, meio feroz e imersivo de trabalhar foi instilado em mim em uma idade jovem. Eu pensei que era divertido porque todos estavam no limite de sua inteligência. Isso dá um sentimento incrível ao set, como se a única coisa que vale a pena fazer é algo que realmente te motiva. E eu amei isso. Eu amei fazer 60 tomadas e ter 10 anos de idade e ficar ‘Sim, vamos continuar!’”

Stewart, que dirigiu o curta chamado Come Swim para, uh, ver como estava a água, está preparando para sua estreia com um longa com The Chronology of Water, uma adaptação da biografia da escritora Lidia Yuknavitch Ela espera começar a filmar nesse ano.

”Honestamente, não é arrogância, porque leva um grupo maior de pessoas para montar um filme,” Stewart disse, sorrindo. ”Mas o compromisso com uma visão singular é um comportamento bem maluco. É uma afirmação perigosa ficar tipo, ‘Eu vou dirigir a porra de um filme. Vou fazer isso sozinha.’ Literalmente, todas as decisões cabem a mim.”

Ela diz que aprende com cada director com quem trabalha, desde Fincher até Assayas (”Alguém como Olivier é muito mais meditativo, quieto, mas ainda tem esse sentimento de que você está fazendo a coisa mais importante do mundo”), Sean Penn (Na Natureza Selvagem), Walter Salles (Na Estrada), Woody Allen (Café Society) e Ang Lee (A Longa Caminhada de Billy Lynn).

Mas ultimamente ela tem assistido filmes dirigidos por mulheres para inspiração, também. Sua atual diretora favorita é a escocesa Lynne Ramsay, quem Stewart chama de ”uma de minhas heroínas.”

”Eu assisto seus filmes, e realmente sinto que, de certos modos, minha perspectiva ou maneiras impressionistas transitórias de fazer um filme são tão substanciadas por seu trabalho e o quão impactante e completamente conciso ele é, além de ser muito amplo. Então, ela é minha favorita. Eu a amo muito. Estou muito apegada à ela agora.”

Dirigir também é um jeito para Stewart moldar mais uma carreira que ela admite ter sido aleatória. ”Quando eu era mais jovem, nunca senti que minhas escolhas foram super táticas,” ela disse. Agora, completando 30 anos, a autoproclamada workaholic diz que ela não sente que uma janela está se fechando, mas que novas estão se abrindo.

”Se eu pudesse ficar no caminho que estive até agora, eu estaria feliz,” Stewart disse. ”Nunca fiquei entediada na minha vida. De algum modo, encontrei coisas contínuas que não foram só compensadoras, mas maravilhosamente enlouquecedoras. Eu nunca não estou trabalhando obsessivamente. Se eu pudesse manter isso, estaria muito feliz, e provavelmente viveria por um longo tempo.”

Fonte | Tradução: Equipe Kristen Stewart Brasil