Kristen Stewart e Steven Yeun conversaram sobre o mais novo filme dos dois, Love Me, com o site Yahoo Entertainment. Os diretores Andy e Sam Zuchero também participaram da entrevista e falaram sobre o conceito do filme. Leia:
A premissa do novo filme, Love Me, é única: Kristen Stewart dubla uma boia de alta tecnologia que se comunica com um satélite (Steven Yeun) depois do desaparecimento dos humanos na Terra. Para provar que ela é um “ser vivo”, a boia estuda as espécies assistindo vídeos no Youtube de uma influenciadora de lifestyle e do marido dela, que também são interpretados por Stewart e Yeun.
Love Me é a estreia dos diretores Sam e Andy Zuchero, um casal que também escreveu o filme. O longa gerou reações mistas quando estreou no Sundance em 2024, mas os críticos concordaram em maioria que era desafiador e estranho.
Os Zucheros começaram a escrever o filme em 2018, mas parece mais relevante do que nunca em um mundo em que os humanos se apaixonaram pela inteligência artificial e que isso tenha se tornado mundano o suficiente para impactar nosso cotidiano.
“Sempre pensei na IA em termos de senciência, e meio que deixei esse padrão pra lá e comecei a pensar na IA como uma nova forma de vida — e um que é muito apto em manipular emoções humanas”, Sam contou ao Yahoo Entertainment.
Andy completou dizendo que “o filme é menos sobre IA e mais sobre nós, como duas IAs nos enxergam, desvendam a humanidade e tentam entender o que significa estar vivo e apaixonado.”
As duas estrelas do filme gravaram primeiro as cenas em que interpretavam os influenciadores. Para entrar no personagem, Stewart contou ao Yahoo Entertainment que “colocou alguns apliques de cabelo” e estudou influenciadores, que já se desenvolveram desde que o roteiro foi escrito.
Stewart disse que, na época, tinha uma “impressão superficial” de como seria um influenciador, “que é alguém totalmente falso vendendo uma ideia de uma vida inalcançável”. Porém, ela encontrou inspiração em criadores de conteúdo que eram “muito gentis e reveladores em seus vídeos inexpressivos.”
Trabalhando ao lado de Sam, Stewart criou a personagem Deja, que é “uma versão de nós duas que é ingênua, doce, desesperada e sincera demais” — se elas fossem influenciadoras sete anos atrás. A boia de Stewart tenta aprender com as postagens de Deja para simular ser um “ser vivo” o máximo possível.
“Achei legal imaginar a ideia de alguém tentando decifrar o artifício e a afetação”, disse Stewart. “Sinto que todos fazemos isso. Você não nasce como uma coisa definida, então escolhe. Ela está se tornando um conjunto de coisas e todos nós fazemos isso. É realmente um filme sobre relacionamentos humanos.”
Embora a boia de Stewart tenha mentido quando disse ser aquela influenciadora específica, o filme avalia se ela tecnicamente estava mentindo quando disse ser um “ser vivo”. No núcleo do filme está um experimento mental sobre o que a IA pode extrair de nós se tudo o que ela sabe é o que postamos online.
Andy comentou ao Yahoo: “Mesmo que você possa dizer que o que compartilhamos nas redes sociais é uma representação básica do que somos, existem ideais que temos que estão presentes por lá e que vão ao cerne da humanidade. Mas então é temperado com a monetização e a criação de uma marca de você, que é muito distante de quem realmente é você… então há um processo de desinfluência e fechar a cortina da pretensão do que mostramos versus o que realmente somos.”
Yeun contou ao Yahoo Entertainment que o filme atraiu primeiramente por conta do envolvimento de Stewart e como o roteiro parecia sério enquanto ainda era “uma tacada ousada e maluca”.
“Na verdade, não fazia ideia de como seria, mas havia partes em que eu pensava: ‘Uau, as pessoas estão fazendo um filme assim agora?’”, disse Yeun. “O que me atrai em papeis é só o pensamento de: ‘Quem está buscando algo? Quem está tentando dizer algo?’”
Stewart disse que eles começaram a filmar “no finalzinho das coisas do COVID” quando todos estavam “trancados e vendo o mundo por meio de telas.”
“Há um renascimento que acontece na tragédia quando estamos todos trancados. Acho que foi como se pudéssemos escolher como continuar”, disse Stewart. “Eu estava lendo o livro Sapiens [de Yuval Noah Harari] na época e pensava: ‘Nada é real, mas tudo é real!’”
Stewart explicou que o filme era um “grande e elaborado exercício de atuação” que a fez pensar muito sobre humanidade e relacionamentos.
“Não é o jeito de vender o filme, mas é como… se você já tivesse experimentado cogumelos e ficou sentado com os olhos arregalados procurando por uma exploração mais profunda para perceber que nunca vai encontrar seu destino final”, disse ela. “Nos unirmos e tentarmos é definitivamente o suficiente e tudo o que temos.”