Divulgando Spencer no mês passado, Kristen Stewart concedeu uma entrevista ao site Bustle, onde ela fala sobre o filme, as comparações entre sua vida e a de Diana e sobre um relacionamento que ela shippa no filme. Leia com atenção aos spoilers:

Dizer nada é uma arte. Pergunte para a família real – mais importante, para a falecida princesa Diana – o quão difícil é morder os lábios, graciosamente mudar de assunto, sorrir e suportar. Explicitamente proibidos de expressarem opiniões políticas e implicitamente proibidos de compartilhar tudo menos seus gostos mais superficiais, os Windsors passam a vida inteira conversando com cidadãos britânicos, presidentes e celebridades internacionais, tudo sem dizer uma palavra.

“Pediram para que ela não existisse”, diz Kristen Stewart sobre a Princesa de Gales. A atriz interpreta a falecida princesa no novo filme de Pablo Larraín, Spencer. Ambientado no feriado de fim de ano em 1991, o filme imagina os eventos que levaram à separação formal de Diana e príncipe Charles no ano seguinte. A Diana de Stewart está desesperada, perdendo o controle enquanto as paredes do palácio se fecham (e as cortinas são literalmente costuradas para que paparazzi determinados não invadam a propriedade). “Deve haver duas de você”, Charles diz para ela: uma para o público e imprensa, outra atrás das portas. Mas enquanto o resto da realeza se conformam facilmente, Diana se destaca pela distinção.

Membros da realeza não são os únicos a praticarem essa arte. Alguns atores passam anos aprendendo a não falar nada, em vez de arriscar a atenção – positiva ou negativa – que vem com a honestidade. Mas não Stewart. Mesmo após uma década nos holofotes, ela ainda está falando alto. “Se você fixar muito em como está se apresentando ou na soma cumulativa de tudo o que diz… você vai enlouquecer”, ela diz. A linguagem é uma ciência inexata, de qualquer forma. Ao tentar falar qualquer coisa, você se abre para erros de fala e interpretações erradas. “Acho que fiquei um pouco mais confortável e encontrei uma facilidade nos jeitos caóticos em que nos comunicamos uns com os outros”, Stewart diz.

Mesmo assim, ela não é um livro completamente aberto. Quando entro no Zoom, começo a parabenizando – ela anunciou o noivado com Dylan Meyer um dia antes. Ela solta um “obrigada” confuso antes de eu mencionar explicitamente sua noiva. “Não tinha certeza do que você estava me parabenizando, na verdade”, Stewart admite. No dia seguinte, vejo notícias alegando que ela esteve usando seu anel de noivado por pelo menos um mês. Não é surpresa que ela se sente um pouco excluída das notícias. Algumas coisas são melhores quando são guardadas para você.

Abaixo, Kristen Stewart discute a natureza da fama, a luta de Diana com o holofote e o contato de Spencer com um romance sáfico.

Como Diana, você era uma adolescente quando foi jogada nos holofotes com Crepúsculo. Você se baseou em suas próprias experiências quando estava entendendo como interpretá-la?
Acho que é como água e óleo porque a razão pela qual as câmeras estão lá é… A transação é tão diferente. Como atriz, tudo o que quero é me abrir para as pessoas e ter uma experiência reveladora. E estou completamente no controle disso. Em um sentido literal, posso deixar minha casa para comprar café e dizer para os papazzi irem se foder? Não. Mas isso segurando as mãos do trabalho que tento fazer ser tão honesto e pessoal, é realmente difícil de comparar. Então eu sei que parece que tenho um conhecimento particular sobre escrutínio, atenção e como é ser roubada. E realmente parece diferente. Acho que em uma escala lógica, eu entendo, mas emocionalmente sinto sorte que as pessoas querem o que estou vendendo. E digo isso como uma expressão, não literalmente. Mas, sim, você entende.

Você mencionou que sente que está no controle do que compartilha. É algo que você aprendeu com o tempo ou você sentiu que tinha controle desde o começo?
Na verdade, acho que abrir mão do controle é o mais importante, porque você fixa tanto em como está se apresentando ou na soma cumulativa de tudo o que diz – especialmente se você faz entrevistas por horas e horas em um cômodo, você tem 18 anos e não está colocando as coisas do jeito que colocaria necessariamente se tivesse mais cinco minutos – para se preocupar com essas coisas, você enlouquece. Ou fica com raiva das pessoas por terem a ideia errada de você. E eles não estão errados, aquele era você no momento, cara. Acho que fiquei um pouco mais confortável e encontrei uma facilidade nos jeitos caóticos em que nos comunicamos uns com os outros.

E acho que, como uma pessoa que é humana e não é ator, isso seria algo que você ficaria melhor e mais acostumado quando ficasse mais velho. Relacionando isso com a Diana, – não estou tentando colocar sua entrevista de volta nos trilhos ou nada assim – pediram para que ela perpetuasse uma mentira de forma distinta que era completamente falsa e não existia. Ela também ficou famosa muito jovem. Aquela é a idade em que você está decidindo quem você é, como você quer se relacionar com outras, qual sua qualidade tonal, o que funciona e o que não funciona. E pediram para que ela não existisse antes de existir.

Você me fez rir quando disse “colocar sua entrevista de volta nos trilhos.” Quando você participa de várias entrevistas assim, há alguma coisa que você espera comunicar através delas?
Não. É engraçado porque, através desse processo, você começa a entender o motivo pelo qual fez o filme. Acho que quando você está fazendo essa coisa com as pessoas que se tornaram seus amigos, você não precisa definir tudo porque estão compartilhando um espaço e a temperatura no local é a mesma, então você não precisa ligar uma lanterna. Todos vocês sentem. Vocês sabem que há algo mais efêmero. Então você fez essas coisas e pensa: “Oh, uau. Acho que vou tentar colocar meu nome nisso.” É uma experiência diferente. Fazer esse tipo de coisa ainda é apenas um processo diferente de descoberta. Eu penso: “Uau, me pergunto o que isso vai revelar.” Digo, acho que algumas pessoas realmente pensam: “Estou tentando vender meu filme.” Realmente gosto desse filme, então acho que qualquer conversa que acontecer vai refletir ele. Se as pessoas estiverem interessadas, vão assistir. Não estou tentando convencer ninguém. Então, não, eu realmente chego pronta para falar sobre as coisas.

Existe alguma coisa que você aprendeu sobre Spencer durante todo esse processo?
Me perguntaram muito sobre a abertura apresentando o filme como uma fábula. Portanto, o que aprendi? Não sei… Acho que há tantas maneiras de olhar para isso. E, para ser honesta, não, não respondemos nenhuma das perguntas. Deixe-me descobrir se a monarquia é obsoleta ou não! Deixe-me descobrir quais são as diferenças exatas entre como a mídia trata homens e mulheres famosos, que é obviamente muito diferente.

São conversas que Diana tinha e ela estava tentando ir de encontro a isso no fim de sua vida. Mas, basicamente, é difícil responder essa pergunta em uma palavra porque é uma conversa longa. É uma coisa complicada.

Mas se há alguma coisa que aprendi nisso? Não, não sei. Uma coisa sobre fazer essas entrevistas é que você é perguntada coisas que você pensa: “Acho que provavelmente deveria pensar em uma resposta para essa pergunta, mas não considerei isso nesses termos, tanto faz.” Então você tenta dizer algo que faz sentido ou para que alguém possa se apegar ou definir.

Diana é alguém que faz as pessoas sentirem muita coisa e por milhões de razões diferentes. Acho que o filme se esforça para articular isso melhor do que eu jamais conseguiria sentada aqui nessa entrevista.

Não posso terminar essa entrevista sem perguntar: Você desejou em algum ponto, mesmo um pouquinho, que Diana tivesse fugido com Maggie? Eu fiquei obcecado pela cena em que Maggie confessa seu amor.
Eu sei. Fiquei tão apaixonada por Sally Hawkins [que interpreta Maggie] nesse filme e como os papéis foram invertidos. Cara. Sim, é claro. Sair com ela é muito divertido. Eu não conseguia parar de rir com essa mulher. É o único momento do filme que há uma leveza séria e contagiante… Essa cena lembra Diana de que as pessoas a amam, e há algo absurdo nisso, porque ela obviamente é muito cobiçada. Todo mundo te ama, cara. Mas desse jeito muito pessoal e muito vulnerável, as duas são lembradas que são pessoas no meio disso tudo, também. E eu acho muito fofo quando ela começa a rir com Diana. É, não sei. É claro. Eu totalmente shippo Maggie e Diana.

Fonte | Tradução: Equipe Kristen Stewart Brasil