Kristen Stewart e Mackenzie Davis, estrelas de Happiest Season, conversaram com o Pride Source sobre o filme, o fetichismo da mídia em relacionamentos entre mulheres, irem em bares gays e mais. Confira:

Kristen Stewart está balançando uma coisa que parece ser um baseado. Até sua colega de elenco de Happiest Season, Mackenzie Davis, que está no Zoom com Stewart, não sabe exatamente o que Stewart acendeu. ”Meu Deus,” Davis diz. ”Eu pensei que era um baseado.”

Na verdade, é Palo Santo, uma árvore da América do Sul que a tradução é ”madeira sagrada.” Mas por um momento, Stewart brinca e finge que seu palito de madeira é um baseado de verdade, colocando na frente da boca como se ela fosse fumar. As duas soltam gargalhadas só de pensar em Stewart talvez ficando chapada durante nossa entrevista. ”Só estou limpando a energia!” Stewart garante.

Depois de seus anos em Crepúsculo, um reboot de As Panteras e vários filmes independentes, o mais recente de Stewart, Happiest Season, parece que pegou um sopro de Palo Santo – um limpador de energia. Por 102 minutos festivos, ele restaura alguma parte da energia de 2020 com conforto, alegria e a promessa de um fim de ano tão gay que faz sentido que Clea DuVall, a atriz abertamente lésbica que estrelou no clássico queer de 1999 Nunca Fui Santa, dirigiu e co-escreveu.

Durante nossa chamada recente no Zoom, Stewart e Davis falaram sobre se afastar do fetichismo com relacionamentos lésbicos, porque elas amam bares gays e como Stewart planeja continuar a usar seu poder de A-List para radicalizar gêneros convencionais com queerness.

Quando crianças, vocês poderiam ter imaginado um mundo em que um filme assim existisse?
Kristen Stewart:
Sim! Por isso que parece um pouco atrasado agora. Mas nós temos várias histórias legais de filmes independentes que cresceram comigo e não faltavam alegria e esplendor, até mesmo o filme da Clea que amo tanto, ‘Nunca Fui Santa’. Elas estão juntas, felizes e vão ao encontro do pôr do sol. Mas esse é um filme pequeno que nem todo mundo assistiu, então é muito legal pensar que as pessoas não precisarão procurar por esse filme. É convidativo, afetuoso, aberto. E sim, útil!

Eu gostava de filmes estranhos quando era pequena, isso não é muito normal, entende? ‘Nunca Fui Santa’ é influente e icônico, mas queria que fosse maior e esse é, então é legal.

Esse é um grande ano. Vocês são parte de um movimento de filmes natalinos queer. Lifetime, Hulu, Hallmark, todos estão fazendo. Vários estão para estrear.
Mackenzie Davis:
O Hallmark está fazendo um filme de natal queer?
Stewart: Ohh… sério? Mas queremos ser as únicas!
Davis: Não, não, não. Somos as primeiras. Não. Só estou chocada que o Hallmark está fazendo isso. Eles são historicamente não progressivos, digamos assim. Ha! Isso é legal.
Stewart: Sabe o que é legal? Agora eles precisam ser, senão ficam para trás! Ha!

Kristen, esse filme é grande coisa para muitas pessoas LGBTQ. Mas para você, o que significa ser uma atriz A-List abertamente queer interpretando uma personagem queer em um grande filme de estúdio?
Stewart:
É muito divertido. Amo interpretar personagens que mais distantes de quem sou naturalmente porque gosto de expandir meus horizontes e explorar um território desconhecido dentro de mim que existe, mas pode não ser óbvio.

O que é ótimo é apoiar-se completamente no que é fácil, óbvio e confortável quando é reconhecido e amado. Eu nunca tive isso em um filme grande onde pessoas estavam dispostas a colocar tanto dinheiro. Porque é um grande risco! E o fato de que pessoas estão se arriscando para… bom, olha, não é um grande risco. É que a época pede por isso e existe um grande desejo. E isso é algo que eu sinto porque vivo nesse mundo.

Então, o fato de que eu pude interpretar esse papel depois de estar em tantos grandes filmes onde nunca senti que não estava sendo eu mesma ou tentando passar algo do tipo, mas eu sinto que sou ambiciosa sobre alcançar marcas que as pessoas acham que eu não consigo alcançar. Então, esse não foi assim, foi o oposto. Foi tipo, não, não, não; eu posso ser a estrela de um grande filme e também ser essa pessoa? Foi incrível.

Com The Runaways, eu lembro que muitos falavam sobre seu beijo com Dakota Fanning. Parece antiquado falar de um beijo entre mulheres nesse momento. Obviamente vocês duas se beijam nesse filme, mas com Happiest Season, vocês tiveram a impressão de que as pessoas e a imprensa estão menos ‘Um beijo gay! Como foi?’ e isso é um alívio?
Stewart:
Sim, ninguém perguntou disso.
Davis: Oh, Deus. Não veio à tona. A cultura mudou tão rápido depois de não mudar por muito tempo [risos]. Mas nos últimos 10 anos parece que muita coisa mudou.
Stewart: Não, ninguém fetichizou dessa maneira. Eu tenho experiência com isso do tipo, ”Então, me conta sobre…”, especialmente dependendo de quem está perguntando. Você senta com algum jornalista homem que está nisso há 50 anos…
Davis:Ha!
Stewart:… E você fica tipo, ”Não me pergunta isso.” É muito estranho. Me sinto muito estranha. Pois é, não tivemos isso.
Davis: Eu queria tanto mudar de assunto quando Matt Lauer perguntou para Anne Hathaway sobre quando ela não estava usando nenhuma roupa íntima. Foi um dos piores momentos que já testemunhei.

Mesmo que o filme seja baseado na história de Clea, muitas pessoas queer, incluindo eu mesmo, irão se relacionar. Quais partes da dinâmica entre a Abby e a Harper sobre se assumir e autoaceitação vocês mais se identificaram?
Stewart:
Olha, fazer coisas que são realmente normais e naturais para você fisicamente e então ter que controlar esses instintos ao redor das pessoas porque você não quer deixa-las desconfortáveis, então você se torna desconfortável para o bem de outras pessoas, é algo que eu já fiz e provavelmente ainda faço.

Eu tentei viajar de barco recentemente e foi no norte da Califórnia, perto de Tahoe. É uma área Trumpiana e eu fiquei tipo, ”Temos que dar o fora daqui.” Eu estava segurando a mão da minha namorada, apenas andando. Não estou dizendo que todas as pessoas… Nem sei mais o que estou dizendo. Mas eu não me senti segura. Não quero sugerir que sei onde isso teria chegado, mas mesmo só emocionalmente, foi uma experiência violenta.

No filme, é realmente legal conseguir rir de alguns sentimentos que são mais pesados porque quando você retoma e libera esse sentimento, você se sente bem e triunfante, como se tivesse ganhado algo de volta. Há coisas no filme – apenas pequenos momentos – onde temos que largar a mão uma da outra ou, mesmo mentindo por um breve período, a mentira machuca e eu nunca fui para casa com alguém e tive que mentir.

Nunca tive que me manter no armário especificamente com uma pessoa, mas tudo isso, como alguém que cresceu sendo queer – sem querer colocar limites na minha própria sexualidade – eu lidei com isso desde sempre. E isso é um gatilho. Mas, especificamente, somente a experiência geral de ser gay e pensar que talvez as pessoas pensem que você é nojenta ou estranha é algo que é bom dar risada nesse ambiente.

No filme, você está em um bar gay e as participantes de RuPaul’s Drag Race, BenDeLaCreme e Jinkx Monsoon, estão performando. Vocês já se divertiram em um bar gay?
Stewart:
Mesmo antes de saber que eu era gay – até antes de ter uma namorada! – eu ficava tipo, ”Meu Deus, esse é o máximo que já me diverti em um bar! Por que vocês são as melhores pessoas?!”
Davis: Sim, ser mulher e ter experiências com homens em bares e estar em um espaço onde você pode…
Stewart: Dançar!
Davis: … Estar completamente livre e não se preocupar com ninguém te tocando, abordando ou vindo por trás de você é especialmente – quando eu era mais nova era um sentimento incrível e seguro. Era ótimo. Também não se preocupar com a aparência porque ninguém quer transar com você.
Stewart: Ha! Eu sei! Você nunca quer pegar um espaço onde você não pertence, mas tipicamente não é um grupo alienante, não generalizando, e é um sentimento tão bom estar em um bar queer e ficar tipo, ”Não importa, tanto faz, ninguém vai vir atrás de mim.”

Kristen, depois de interpretar uma personagem queer em As Panteras e agora em Happiest Season, você planeja continuar a radicalizar os gêneros com queerness? Basicamente, você vai continuar a tentar tornar Hollywood mais gay?
Stewart:
Sim! Sim, naturalmente. Mas é engraçado quando você começa a aplicar regras restritivas em quem pode ter certa perspectiva. Eu ainda quero interpretar personagens héteros algumas vezes, se estiver tudo bem! Ha! Mas digo que, primeiramente, é muito importante para mim realmente pegar e escolher essas oportunidades e não ter como uma coisa padrão que alguém seja hétero em um filme em que talvez não seja um romance.

Se não é sobre o romance, então por que estou interpretando alguém hétero? Porque é normal? Bom, essa é uma ideia ridícula. Em ‘As Panteras’, eu não tinha um interesse romântico. Não tinha ninguém no filme. Mas achei importante deixar uma dica e ser tipo, ”Não, isso não significa que vocês podem me ter, garotos.”

Fonte | Tradução: Equipe Kristen Stewart Brasil