Um ano atrás, Kristen Stewart esteve na Suíça para participar do festival de cinema de Zurique onde Seberg Contra Todos estava em exibição. O filme foi lançado oficialmente no país neste mês e algumas entrevistas da época estão começando a sair. Abaixo, Kristen fala sobre o filme e sua carreira. Confira:

Uma pausa coletiva na frente da porta: Kristen Stewart aparece, entra no salão, senta em uma pequena mesa, uma fresta na porta permanece aberta. Especialistas em beleza começam a trabalhar em seu cabelo e lábios. Então, me pedem para entrar novamente. Eu começo a gravar e Stewart me pergunta se pode encher meu copo de água. ”Obrigada!” – “De nada!” Ela cruza as pernas, um gesto que não vai durar pelos próximos 15 minutos.

Você já esteve na Suíça para filma Acima das Nuvens em 2014. Do que você se lembra?
Bom, estávamos filmando nas montanhas, me senti muito isolada. Minhas impressões então foram primeiramente natureza e Juliette Binoche, então foram impressões muito fortes (risos). Estávamos no meio do nada, mas foi fantástico.

Dizem que você queria fazer compras na época, mas disseram que não seria possível.
Uh, não sei do que está falando… espera! É porque todas as lojas na Suíça estão fechadas nos domingos, certo? Bom, isso gera frustração entre os americanos.

Você é a única atriz americana até hoje a ter um César por Acima das Nuvens. O que isso significa para você?
Fico honrada com o prêmio, mas eu não poderia dizer que meu conhecimento no cinema europeu é particularmente grande. Fico fascinada com a filosofia por trás desses filmes, os aspectos culturais, e me sinto atraída por essa complacência na Europa, onde você pode e quer se desprender das restrições da indústria cinematográfica e do entretenimento.

Em contraste com filmes mais comerciais como Crepúsculo?
Sim, no entanto, se você usar filmes comerciais para seu próprio benefício, é uma das coisas mais legais que você pode fazer. No entanto, meus favoritos são filmes independentes americanos.

Falando nisso, antes de se tornar uma estrela com Crepúsculo, você atuou ao lado de Eddie Redmayne, que também era desconhecido na época, em ‘O Lenço Amarelo’, produzido pelo suíço Arthur Cohn. O quão importante foi esse filme para sua carreira?
Oh, não penso nesse há um bom tempo. Houve um tempo onde eu estava fazendo um filme atrás do outro, trabalhos pequenos que também contavam com Robert De Niro ou Sean Penn que, com um pouco de sorte, eram exibidos no Sundance. Quando eu penso em ‘O Lenço Amarelo’, é uma época onde eu não tinha que responder perguntas sobre a trajetória da minha carreira. Eu só fazia os filmes e via o que acontecia. Ainda estou tentando fazer isso hoje em dia.

Mas hoje você é uma estrela. E assim como Jean Seberg antigamente, você raramente mede suas palavras. Como você se protege de ser caçada?
Jean Seberg foi atacada de um jeito muito especial, o que era incomum na época. Para comparar: faço cara feia para as formas que vigiamos uns aos outros hoje em dia, mas eu nunca vi uma perseguição de carro como a que Jean enfrentou com o FBI – foi abusiva e ilegal. Eu não tenho medo de ficar perdida como ela no final de sua vida. Por outro lado, tenho medo porque você pode arruinar as coisas muito mais rápido hoje em dia do que nos anos sessenta.

É por isso que você não está presente nas redes sociais?
Vamos colocar desse jeito: Estou feliz em compartilhar minha vida com os outros fazendo filmes. É um grande parque de diversões para me expressar e revelar os detalhes mais íntimos da minha existência por lá. Não preciso de Twitter ou Facebook, mas entendo que é importante para outras pessoas se comunicarem.

Você preferiria viver nos anos sessenta se pudesse?
Não. É um privilégio viver em um tempo moderno e me comunicar por meios modernos, também. Por exemplo, é possível olhar para todos os tipos de mentiras e nomeá-las assim. Jean Seberg não tinha essas opções, porque tudo acontecia por trás dos panos antigamente. Havia uma calma enganosa, o que a levou à loucura, saindo do país e nunca mais voltando.

Você deixaria o seu país?
Não, ainda acredito na mudança dos Estados Unidos.

Jean Seberg também acreditava na mudança. O que você tem em comum com ela?
Ela era tão tangível em tudo o que ela fazia. Isso tornou fácil a empatia por ela. Foi mais difícil porque eu quase não tinha nenhuma fonte disponível, não há muitos vídeos pessoais. Então, eu não sabia como ela entrava em um lugar quando ela era completamente casual. Nesse sentido, o filme é uma ideia imaginária do que poderia ter sido a Jean Seberg. Não há como realmente saber.

Você pode descrever como conseguiu a vivacidade de Jean Seberg no filme?
É sempre uma mistura de medo e adrenalina que me levam para papéis assim. Se tenho que imitar alguém como Jean, eu primeiramente penso que definitivamente não sou eu. E em contraste a ela, eu tenho uma voz muito profunda. O diretor Benedict Andrews me aconselhou a falar um oitavo mais alto. Isso me ajudou. Em adição a isso, eu a admiro por sua maneira generosa e firme.

O que isso tem a ver com o seu papel?
Eu prefiro pensar duas vezes antes de falar qualquer coisa. Jean Seberg era exatamente o oposto. Ela era incrivelmente aberta. Mas quando eu finalmente estou no set, eu preciso empurrar todos esses pensamentos para entrar no papel. Se funcionar, se eu conseguir combinar coisas que são ambos familiares e completamente estranhas para mim, então é assustador de primeira. E então é ótimo.

Fonte | Tradução: Equipe Kristen Stewart Brasil