Como noticiamos na semana passada, Kristen é capa da edição 106 da revista V Magazine e agora podemos conferir a entrevista feita com a atriz pela sua colega de elenco em Lizzie, Chloë Sevigny. Kristen fala sobre seu relacionamento com o mundo da moda, Personal Shopper e mais! Confira:

Chloë Sevigny: Oi!
Kristen Stewart: Oi! Chloë, muito obrigada por fazer isso, honestamente. Eu sei que você não precisava. Isso vai ser incrível e eu agradeço.
CS: Nós devíamos ter feito isso quando tínhamos muito tempo em nossas mãos.
KS: Eu não sei, naquela época, eu provavelmente só falaria sobre o filme que estávamos fazendo. Teria sido algo cheio de, “Olhe o que conseguimos fazer!”
CS: O que você tem feito? Tirou um tempo de folga?
KS: Eu tenho cultivado minha vida de um jeito legal que eu não tinha tido a chance por um tempo porque estava um pouco ocupada. No final do ano, é o único momento onde as pessoas em geral e a indústria ficam um pouco sonolentos. Estive fazendo coisas pessoais estúpidas de atriz. Estive desenhando e escrevendo poemas, mas é assim que vou achar meu próximo curta. Eu terminei o outro completamente. Terminei mesmo, você vai amar. Mal posso esperar para te mostrar no Sundance. Então sim, tem sido legal. Eu tenho curtido um tempo mais calmo. Tem sido legal.
CS: Sim, eu realmente preciso recarregar. Lembra que no final das filmagens como eu fiquei, “Eu não consigo mais ter essa câmera me olhando.”
KS: Eu sei, amor. Quero dizer, eu estive em frente de 500 câmeras promovendo meus filmes, mas não aquela única. Não a íntima. Não a que eu realmente me importo. Algumas vezes você reorienta sua mente e fica muito ciente do fato de que você não está trabalhando e se torna um pouco interna. Isso é na verdade o que eu tenho feito. E eu sei que parece apenas algumas semanas de tempo em tempo, ou algo assim, mas entre Cannes e o New York Film Festival, parece que eu preciso me forçar a ficar tipo, “Ok, não, pare de ser externa. Chega de saídas.” Algumas vezes, você precisa – isso vai soar completamente clichê- meditar sobre o poço de reabastecimento.
CS: Com certeza, 100%. Eu fico tipo, “Sem mais photoshoots. Chega de tudo isso,” porque é tudo trabalho e é tudo cansativo, isso exige muito de você.
KS: Sim, e ao mesmo tempo, coisas assim, é tudo sobre reflexão e tudo mais, mas algumas vezes eu posso facilmente ser consumida por distrações. Desde que gravamos Lizzie, eu me machuquei muito feio, eu vim pra casa e fiquei muito doente: Eu estava ciente da minha fisicalidade. Foi uma manifestação física séria de como o ano terminou, também. Então eu fiquei tipo, “Deus, wow, eu preciso sentar e ficar quieta.”
CS: Você disse que estava escrevendo, desenhando e pensando no seu próximo curta. Eu estive me perguntando, o que vai para o Sundance é chamado Come Swim, certo? Estive me perguntando qual foi o começo disso. Como você teve a ideia? E não é uma narrativa, certo? Mais como uma meditação?
KS: É algo um pouco mais linear e eu acho que talvez eu veja isso mais do que as outras pessoas, mas todos que eu mostrei o filme tem uma experiência diferente com ele, o que é legal. Mas há uma linha em comum com todas essas experiências que têm a mesma emoção que tenho orgulho. Eu pensei nisso alguns anos atrás, eu tinha essa imagem recorrente na minha cabeça que eu estava muito obcecada. Eu queria ver alguém dormindo no fundo do oceano. Havia essa imagem de uma cadeira, lixo e coisas que foram descartadas e alguém sentado no fundo do oceano. Então eu fiquei tipo, “Deus, isso é tão adorável, parece tão contente e meio que… distante, mas também é terrível e muito triste, não é como você deseja viver.” Mas naquele tipo, fiquei apenas, “Oh meu Deus, me coloque no fundo do oceano.”
Então, eu comecei com isso. Eu pensei que essa imagem valia a pena capturar e então eu pensei sobre isso e revisei tudo o que escrevi nos últimos quatro anos. Eu basicamente escrevi o mesmo poema várias vezes. Eu fiquei com vergonha, fiquei tipo, “Kristen, segue em frente, porra.” Então eu empurrei nesse filme e eu contratei o namorado de uma das minhas melhores amigas, que também é um bom amigo meu. E quando nós estávamos todos juntos e pensando no filme, acabou se tornando duas perspectivas do mesmo dia, vendo como engrandecemos nossa dor e como, talvez, do lado de fora as pessoas não vejam isso e como você pensa que ninguém passou por algo assim. Isso é definitivamente a maior coisa que todos já sentiram. “Eu sei. Eu estou certa de que isso é diferente. Eu sou diferente.” Mas é tipo, “Não, você não é, cara. Todo mundo passa por isso e é muito normal e um pouco patético.”
CS: Eles me deram algumas perguntas para fazer a você sobre Personal Shopper, então vou fazê-las agora. Espero que eu esteja fazendo um bom trabalho.
KS: Amor, você está fazendo um ótimo trabalho!
CS: Um aspecto interessante do filme é o papel que as mensagens interpretam, essa comunicação que a sua personagem Maureen tem com um personagem desconhecido. Quais são seus pensamentos sobre a fiscalização eletrônica no filme e de um modo geral?
KS: Quando você fala com alguém no telefone, isso é uma troca decifrável e entendível. Mas com a mensagem de texto, é um diálogo com você e a sua interpretação de uma sombra. Não é válido, é uma linguagem nova. Mas a quantidade de projeção e investimento em coisas que podem não estar lá é um pouco assustador.
É um diálogo interno que nem sempre é falso. Me lembra sobre aqueles experimentos onde eles checam para ver se o rato gosta de cocaína ou não. Eles gostam. Essa dose de dopamina que você tem na vida real com pessoas e interações e isso faz ficar um pouco menos estranho. Mas você também se torna viciado nessa dose por si mesma e com você mesma e você acaba perdendo tanto tempo validando algo muito superficial em você. Isso definitivamente nos mudou. Eu acho que a Maureen tem uma total dificuldade em querer ser vista, mas também ficar invisível. É estranho, ela está lutando com uma crise de identidade porque ela é meio que duas versões separadas de uma pessoa. E isso não é uma coisa ruim, só é difícil de sustentar.
CS: Sua personagem tem essa relação de amor e ódio com seu trabalho, que é uma personal shopper. Na verdade, ela é uma personal shopper ou uma estilista pessoal? Qual é a diferença? Mas sim, qual a relação dela com a moda e as roupas?
KS: Eu definitivamente acho que a Maureen tem um conflito quanto a isso. Há muito autodesprezo mas, ao mesmo tempo, eu acho que ela é muito atraída pelo mundo da moda. Eu acho que ela é fascinada por essas coisas, essas coisas brilhantes que nós ficamos obcecados, mas ela também odeia.
CS: Moda, é claro, ocupa uma grande parte da sua vida. Me pergunto se você poderia falar um pouco sobre seu relacionamento com Karl Lagerfeld?
KS: Karl sempre, desde o começo, me fez me sentir como se ser eu mesma fosse a coisa certa a fazer. E no mundo da moda, isso é uma raridade.Ele é um artista compulsivo e obsessivo e é contagiante. E ele é gentil. Ele é quem ele é por uma razão. Tenho muita sorte de estar em seu espaço com muita frequência.
Honestamente, eu amo os aspectos fashion da minha vida. Eu realmente gosto. As atrizes meio que possuem esse relacionamento com a moda por padrão, apenas uma coincidência. Nós podemos entrar em um mundo que não tem nada a ver com o que fazemos. Mesmo que eu não entenda nada sobre como fazer vestidos, isso me puxa para fora de mim, eles encontram aspectos de mim que eu fico, “Wow, isso sou eu. Essa é uma versão de mim e estou totalmente bem com isso.”
CS: Ok, só passando as perguntas. Espero que eu esteja fazendo um ótimo trabalho [risos].
KS: Absolutamente incrível.
CS: Tem essa pergunta que me deram sobre seu papel com o Olivier e Clouds of Sils Maria e se há algo em comum entre as duas personagens.
KS: Eu acho que as duas personagens são muito diferentes. Quero dizer, Maureen tem essa profundidade, essa batalha interna. Ela está presa em sua mente, tentando entender esse sentimento de isolamento intenso.
CS: Última pergunta. Em Personal Shopper, o sobrenatural interpreta um papel importante. Você acredita nisso, como fantasmas e vida após a morte?
KS: Há tanta coisa que vemos que não sabemos se é real. Eu sinto as pessoas intrinsecamente e eu acho que isso deixa algumas sombras. Estou ciente do meu ambiente e eu acredito que há algo que me move, mas isso é difícil de definir.

Fonte | Tradução: Equipe Kristen Stewart Brasil