Durante a divulgação de Billy Lynn’s Long Halftime Walk em Nova York, Kristen se encontrou com o Toronto Sun para falar um pouco mais sobre o filme e seu significado e aproveitou também para falar sobre outros assuntos, como política. Confira:

É um daqueles dias de divulgação de filmes onde você se pergunta qual o combustível que as estrelas usam para continuar falando. Não se pergunte mais.

Direto de uma conferência de imprensa para um sessão de fotos para mim, Kristen Stewart está pronta para divulgar Billy Lynn’s Long Halftime Walk, quando um assistente entra na sala e arremessa um pacote de cigarros.

Animando-se, ela abre o pacote e vai em direção a janela do hotel, atenciosamente pegando meu gravador digital (“Para que você não perca nada”) no caminho para sentar no peitoril, um pouco inquieta e soprando fumaça no ar de Manhattan.

Então nós conversamos, com três metros de distância, sobre o filme de título estranho de Ang Lee, tirado do livro de Ben Fountain sobre um grupo de soldados que viralizam com um vídeo de sua tentativa frustrada de salvar um companheiro (Vin Diesel), e que são homenageados durante o show do intervalo de um jogo da NFL (os Cowboys no livro).

Eles são seguidos por um agente (Chris Tucker), que tem a intenção de transformar suas histórias em um filme de Hollywood.

Stewart parece ter surgido do brilho de Bella Swan na saga Crepúsculo com uma notável quantidade de respeito. A atriz uma vez mirim se tornou a única americana a ganhar um César (o Oscar francês) de Melhor Atriz Coadjuvante por Clouds of Sils Maria, de Olivier Assayas.

E ela possui um dos dois papéis femininos notáveis em Billy Lynn’s Long Halftime Walk – Kathryn, a irmã de Billy (Joe Alwyn), que está tentando furiosamente conseguir tratamento para o Estresse Pós-Traumático de seu irmão antes que ele volte para outra turnê obrigatória de uma guerra sem sentido.

Mas a conversa sobre o filme foi desviada por sua tecnologia. Lee filmou em 120 quadros por segundo (24 tem sido o normal por gerações), e foi mostrado em algumas exibições adiantadas em 3D e 4K HD. O resultado é desconcertante como estar no mesmo ambiente que os atores.

Muito atores ficam desconfortáveis ao se verem na tela. Como foi ver-se até aos poros?
Eu me sinto diferente com cada filme em termos de tentar assistir. Mas ao me ver daquele jeito não foi um problema de vaidade. Emocionalmente falando, houve uma vulnerabilidade. Como um observador, como uma festa engrenada, você vê mais nuance nas expressões faciais, por exemplo. Você nunca viu alguém olhar para a lente tão de perto. É estranho para mim estar tão fora do meu elemento, porque eu faço isso desde que tinha 10 anos de idade. Mas é uma experiência nova. E eu sou completamente obcecada e apaixonada pelo processo. Eu especialmente gosto da ideia de usar a tecnologia para chegar mais perto de algo do que se afastar.

A cicatriz da sua personagem (de um acidente de carro, e uma parte integral para a trama), ficou mais notável do que teria sido em uma filmagem normal.
Absolutamente. Isso é um exemplo do que eu estou falando.

Na conferência de imprensa, o autor do livro, Ben Fountain, disse que essa era uma história de como foi para os soldados ao retornar de guerras que foram lutadas por bobagem.
Sim, isso foi corajoso.

Além da própria guerra do Iraque, a guerra de Billy foi lutada por razões pessoais? (Ele espancou o namorado que causou o acidente, e foi dado a escolha de prisão ou alistamento).
Há algumas coisas na vida que parecem ser a razão sólida pela qual algo acontece. E sim, esse é o motivo pelo qual ele se alistou. Mas a perspectiva da irmã dele seria, “Você fez todas essas decisões que levaram até aquele momento e você tem que tomar responsabilidade por elas.”

Makenzie Leigh (a outra atriz principal em um filme cheio de homens como Vin Diesel e Garrett Hedlund) disse que esse filme era sobre papéis masculinos.
Realmente. Um dos meus momentos favoritos foi quando dizem para eles que Hillary Swank pode considerar interpretar a personagem de Billy, e eles ficam loucos. Mas Ang Lee é, tipo, a pessoa mais imparcial, doce, amorosa e com muita fé nas pessoas. E eu acho que isso aparece na história de amor, e a história entre o irmão e a irmã. Aparece até na camaradagem entre os meninos. Eu não me sinto alienada por isso. Eu sinto como eu realmente tivesse sido permitida em algo. De outra forma, se outro cineasta tivesse feito esse filme, seria um pouco diferente.

É legal que esse filme também é sobre futebol, já que isso é uma coisa tão militar quanto civil. E particularmente no Texas, onde é como uma religião.
Eu sei. E “Nós queremos vencer” meio que invadiu cada aspecto de nossas vidas. Nós nos auto-infligimos parâmetros de competição, há um perdedor, há um vencedor. Muito do que ingerimos através da mídia não é algo que nós nos sentimos conectados humanamente. É como um show que estamos assistindo, e nós valorizamos o nosso entretenimento acima de qualquer coisa nesse país.

Bom, a temporada de premiações está chegando – quando transformamos arte em competição. E eu estou aqui falando com a primeira americana a ganhar um César.
(Risos.) Isso aí! EUA!

Como você se relacionou com essa guerra em particular?
Eu estava na sexta série quando as Torres Gêmeas foram atingidas. Eu cresci com isso, mas é difícil digerir o motivo pelo qual aconteceu pelos jeitos conflitantes que foram apresentados para a minha geração. Eu realmente gosto do fato de ter quatro cenas para dizer muito, algo muito simples sobre isso, na verdade. Porque eu acho que ela está somente dizendo “Eu gostaria que meu irmão tivesse uma opinião bem formada sobre o que ele está dando sua vida. Isso é importante para mim.”

Você é uma pessoa politicamente ativa?
Eu estou começando a ser. Sem ficar em cima de um caixote, eu sei que eu definitivamente tenho mais acesso e atenção do que as pessoas comuns de 26 anos. Eu não digo que sei como consertar as coisas. Eu não faço ideia sobre o Estado do nosso país ou como fazer as coisas mais justas. Mas eu gostaria que as pessoas votassem e procurassem mais informação antes de fazer isso. Desse jeito, você faz uma decisão ao invés de dizer, “Bom, eu não sei, acho que isso só aconteceu conosco.”

Você fez outro filme com Olivier Assayas, Personal Shopper (uma história de fantasmas no mundo da moda, ganhou Melhor Diretor em Cannes).
Foi muito legal. Olivier tem essa habilidade de contar histórias sobre coisas invisíveis que são sentidas intimamente e não são fáceis de definir.

Você tem algo com ele. Você poderia ser sua musa, como uma empresa de representação pessoal.
Eu espero que a gente desenvolva algo assim. Coisas boas acontecem rápido. Nós fizemos esses dois filmes muito perto um do outro. E eu acho que há algo sobre três que é significante.

Fonte | Tradução: Equipe Kristen Stewart Brasil