Kristen conversou com o site Collider durante a divulgação de Café Society em Nova York e falou sobre como foi trabalhar com o diretor Woody Allen, sua terceira vez ao lado de Jesse Eisenberg, as vaias em Cannes e muito mais. Confira:

Kristen Stewart é uma das melhores atrizes de sua geração, e se você viu algum de seus filmes nos últimos cinco anos, você vai saber que esse fato é inegável. E ainda assim, as pessoas ainda precisam ser convencidas. Stewart trabalhou com alguns dos melhores cineastas do século 21, incluindo David Fincher, Olivier Assays e Ang Lee; com Café Society, ela adiciona Woody Allen na lista. É uma combinação perfeita.

Em Café Society, Stewart interpreta Vonnie, uma habitante de Hollywood em 1930 que já não vê o brilho em Tinseltown, então ela dá uma chance ao novato na cidade (Jesse Eisenberg) – enquanto também esconde o fato de que ela está saindo com o tio dele (Steve Carell) que é casado (e seu chefe). Café Society depende se você anseia por Eisenberg e Stewart ficarem juntos, mas você irá. Allen, que trabalhou com Eisenberg em Para Roma com Amor, foi inteligente ao ir para uma química que já existia, já que a faísca e aliança de Stewart e Eisenberg era evidente em seus outros dois filmes onde eram um casal, Adventureland e American Ultra.

Recentemente, eu me sentei com Stewart para falar sobre trabalhar com Allen, o processo de filmagem, e seus projetos futuros. Eu fui embora admirando sua atenção ao processo de filmagem, com seus comentários sendo inteligentes sobre o que ela quer dos filmes como o que uma diretoria forneceria para o seu próprio filme.

Eu sou um grande fã de você e Jesse como um casal. É tão natural. Eu também acho que American Ultra foi um dos romances mais pouco anunciado do ano passado.
Aww, obrigada. [Sussurra] As pessoas não gostaram. Eu realmente gostei, não dizendo que todo mundo deveria, mas foi fofo, não é?

Digo, algumas partes foram tocantes, eu achei.
As pessoas ficaram com raiva, de uma maneira estranha.

As pessoas ficam com raiva das coisas mais estúpidas, tipo, é um soco no espião com amnésia, Jason Bourne, mas também é um romance divertido com lutas arrasadoras. É inofensivo. De qualquer jeito, vocês dois possuem uma química natural nos relacionamentos dos filmes, desde o amor até ciúme e dor, como vocês conseguem mergulhar novamente nisso tão facilmente um com o outro?
Sim, você apenas tem isso com algumas pessoas e outras você não tem. Não diria que nós falamos a mesma língua, porque nós somos muito diferentes, na verdade, mas eu acho que ele realmente me vê. Eu nunca estou preocupada se eu não me comuniquei com ele. Você sempre quer ser entendida pelas pessoas que você conversa, pelas pessoas que você se associa, trabalha, ama, é amiga, etc. Eu acho que, com Jesse, eu poderia dizer o contrário de como me sinto e ele saberia que é mentira. Entende o que eu digo? E isso é imediatamente um bom relacionamento, é alguém que você deveria estar trabalhando se fosse um ator. Eu posso totalmente me humilhar quando estou perto dele e não ligar, eu posso fazer vergonha e ser estúpida. Ele é muito inteligente e não é um babaca sobre isso, ele é tão inteligente que é louco. De qualquer jeito, ele é fantástico. Eu o amo.

Eu espero que vocês continuem, e se tornem o Woody (Allen) e Diane (Keaton) dessa geração.
Ele está dirigindo agora, digo, ele deveria me contratar. [Risos]

Nós lemos muito sobre o quão secreto Woody Allen é com os roteiros que ele envia. O quanto você sabia sobre Vonnie antes de assinar?
Com sorte, ele me deixou ler. Eu fiz uma audição para o papel e então antes de tudo se tornar oficial, alguém foi até minha casa com o roteiro, esperou do lado de fora por uma hora enquanto eu lia, e eu retornei e disse, ‘Okay, eu faço’. Essa política talvez não seja mais tão constante. Eu não pedi para ler primeiro, eu disse ‘Eu definitivamente vou fazer o teste mas eu não posso te dizer de nenhum jeito que farei algo se eu nem sei o que você está me pedindo para fazer.’ Entende o que eu digo? Mas sim, eu li antes.

O filme todo, não só as cenas da sua personagem?

O filme todo. Definitivamente havia alguns atores no filme que não sabiam o que estavam fazendo. Eles sabiam só as cenas deles. Eles estavam sempre perguntando sobre o enredo.

Então, você fodeu com alguém?
[Risos] Não, nós não fizemos isso. Poderíamos ter feito, eu sei. Isso teria sido engraçado, na verdade. Jesse poderia ter feito isso, com certeza.

Você trabalhou com muitos diretores incríveis ao longo de sua carreira. Como o processo do Woody ou o set dele se compara com os outros?
É muito, muito casual. Não há nada como essa energia carregada. E eu sei que talvez seria diferente em outro filme, esse tem uma aflição que te acerta em retrospecto.

Ao assistir, eu concordo. Eu me senti mais próximo do filme quanto mais eu pensava sobre isso.
Sim, é como se momentos passassem por você casualmente e então você para e questiona ‘Oh, espera, o que?’ E isso também é um pouco como me senti no set, o que é um pouco surpreendente porque os filmes dele são muitos particulares quando se trata de linguagem e tema. Nada disso é falado, nós não discutimos ou ensaiamos algo específico. Eu acho que ele faz a maior parte do seu trabalho na escrita e ele supõe que você pode interpretar.

Essa foi a primeira vez que ele filmou digitalmente. Eu não sei se você foi do filme dele para Billy Lynn’s Long Halftime Walk, de Ang Lee, ou não, mas como foi ir de um ótimo diretor que está aprendendo a usar o digital e então Ang Lee, que está literalmente redefinindo o que os cineastas podem fazer com o digital (ao filmar com 120 quadros por segundo)?
Eu fiz o do Ang Lee antes de Café Society. Foi uma viagem estar no set de Billy Lynn porque eu sou tão obcecada com o processo e estou tão dentro dos elementos. Eu me sinto como um peixe dentro d’água em um set de filmagem e nesse eu estava olhando ao redor e pensando ‘Que porra está acontecendo?’ Eu não sabia como a câmera era antecipadamente. Havia duas lentes e todo mundo estava usando óculos. Foi bizarro. Eu não sabia como eu estava sendo vista, não fazia ideia de qual área eu estava me encaixando. Eu mal posso esperar para ver o que ele descreveu que vamos ver, porque ele assiste aos filmes hoje em dia e diz que é como se ele estivesse assistindo reality show. Ele não pode se aproximar muito porque parece falso. Para ele, há uma grande distância e ele espera aproximar isso. O que ele está fazendo é loucamente revolucionário. Vai ser mais informação do que você já recebeu em um segundo. E além de estar vivo no mundo com olhos, ao olhar para uma imagem, uma imagem plana, dessa forma, é muito legal.

Voltando para Café Soceity e falando sobre esse processo, eu não sabia disso até que vi o nome dele nos créditos, o que foi um choque prazeroso, mas Vittorio Storaro (Apocalypse Now, Dick Tracy) filmou isso e para o primeiro filme digital de Allen, isso é incrível!
Woody disse que não teve diferença. Literalmente, eu ouvi ele dizer [imitando Woody] ‘A câmera não faz diferença para mim. Eu filmo, coloco a câmera onde eu quero colocar e é como um filme, só é mais barato.’ Ele gosta de coisas práticas. Ele fala que é a mesma coisa. Eu não acho, mas ok.

Bom, esse parece muito com um filme, do jeito que Vittorio iluminou para ter um brilho constante que geralmente responde muito bem aos negativos do filme. Como alguém que gosta de observar o processo, como foi observar o trabalho dele? Ele é um mestre.
Ele pinta com a luz, é louco. As luzes são quentes, MUITO quentes e geralmente era quando estávamos filmando em Hollywood porque em Nova York a iluminação era diferente. Os diretores de fotografia são como dançarinos, quando eu sei que de jeito nenhum eu serei pega de surpresa, esse é um bom diretor de fotografia. Há muita confiança e obviamente ele é ótimo. E ele foi muito calmo. O filme é simples, muito simples, foi capturado tradicionalmente. Foi interessante porque eu tenho trabalhado recentemente com pessoas que querem distorcer tudo porque nós somos mais jovens e então estamos tipo ‘Espere, nós temos que fazer algo diferente.’ Mas foi legal ver algo receber receber uma cobertura tão normal; deixar a cena rolar sozinha, sem cortar muito. Foi muito bom de viver por um tempo. E também, ele é uma presença muito encorajadora, entende o que eu digo? Ele é legal e é uma grande parte do trabalho.

Certo. Eu acho que a cena que mais se destacou foi a do apartamento do Jesse quando as luzes se apagam e as velas acendem. Esse foi um processo muito longo de arrumar ou foi tão natural quanto tudo o que você descreveu? Porque ficou incrível.
Oh Deus, essa cena. Realmente ficou incrível. Ficou boa. Eu sabia que ia ficar muito bonita quando eu estava lá, mas filmamos essa cena tão rápido. Eu acho que eles filmaram outra naquele dia quando a prostituta (Anna Camp) entra e o Jesse fica, “Sai daqui.” Aquela cena das velas foi [estala os dedos] muito rápido. A equipe inteira dele, nós tivemos uns dos melhores operadores que já trabalhei. Mas isso foi o que o Woody queria com o digital, algo rápido, e Vittorio fez parecer bom para caralho.

É filmado em Los Angeles e Nova York, como você mencionou. Los Angeles é tão brilhante e Nova York é mais fria. Eu me mudei de Los Angeles para Nova York no ano passado. Os lugares são completamente diferentes, os pontos positivos e negativos são opostos, faz sentido dar esse visual de que são completamente diferentes. Você tem uma preferência entre Nova York e Los Angeles?
Eu tenho uma personalidade dividida. Literalmente tudo em mim prefere Nova York e tudo em mim prefere LA. Eu tenho muita sorte de poder ter os dois. Eu sou uma pessoa diferente em Nova York do que LA. Eu saio em Nova York e… isso vai soar clichê, mas eu sinto como se tudo fosse possível. É muito vivo. Eu saio e fico tipo, ‘Wow, tudo pode acontecer agora, eu posso esbarrar em qualquer pessoa. Posso encontrar quem eu quiser.’ Em LA, é um pouco mais auto consciente. É muito mais auto consciente, na verdade. É um pouco abafado, mas ao mesmo tempo, a extensão de um sonho que eu amo. Eu também sou de lá, então é minha casa, acima de tudo.

Eu amei Clouds of Sils Maria e estou ansioso para sua reunião com Olivier Assayas em Personal Shopper. A imprensa ama noticiar as vaias de Cannes, e essa foi a manchete, mas então Assayas ganhou Melhor Diretor do júri. O que você diria para as pessoas que só leram as manchetes das vaias sobre o filme?
Se eu fosse uma jornalista e quisesse que as pessoas clicassem no meu artigo, eu diria “Kristen Stewart recebe vaias em Cannes.” Isso é exatamente o que eu publicaria para conseguir cliques, você sabe. Eu acho que Personal Shopper leva uns minutos para digerir. Eu acho que a reação rápida e inicial é algo que as pessoas em festivais de cinemas se sentem no direito de ter, porque querem ser os primeiros a darem a opinião. E então quando não souberam o que sentir, só disseram “NÃO”. Esse filme definitivamente não é entregue para você. Você vê um filme e sai com um amigo, ou qualquer pessoa que você tenha visto, e você fica quieto e não fala sobre isso até amanhã, talvez. Esse é o tipo de filme que Personal Shopper é.

Essa é meu tipo preferido.
Sim, o meu também. Eu fiquei tão bem com a resposta polarizada porque o filme é estranho pra caralho. Nós estávamos isolados e totalmente cientes de que essa provavelmente seria a reação, mas terei que ser honesta e dizer que foi incrível quando fomos para a premiere e as pessoas normais responderam bem e gostaram. Eu podia ver a confusão e reflexão pessoal no rosto das pessoas. Eu fiquei tipo ‘Ok, nós fizemos um filme que fez as pessoas sentirem algo e pensar e isso é melhor do que o “isso foi divertido, eu aprovo.”‘

Fonte | Tradução: Equipe Kristen Stewart Brasil