Dando início a divulgação de Equals e Café Society, Kristen estampa a capa da Marie Claire France de junho e durante a entrevista fala sobre trabalhar com Woody Allen, sua infância e sobre amar a si mesma. Confira:

Kristen Stewart sabe o que quer: não ficar entediada e para ninguém foder com ela. Ela não fala desse jeito, mas é como você entende. Com o seu breve romance com a cantora Soko preenchendo as colunas de tablóides, ela está em alerta. São 10 da manhã em Los Angeles, 7 da noite em Paris, a voz da linda musa da Chanel torna a ligação em uma conversa secreta. Uma jornada difícil, que vale a pena o esforço, Kristen Stewart é rock’n’roll. Inteligente, lúcida, selvagem, ela atua assim como respira. No curta “Once and Forever“, uma filmagem real-falsa feita em 2015 por Karl Lagerfeld, ela interpreta uma jovem e mimada atriz que era a personificação de Gabrielle Chanel. Musa do designer há mais de dois anos, Kristen tem o (lindo) mundo aos seus pés. Woody Allen deu à ela o papel feminino principal em Café Society, que irá abrir o Festival de Cannes. Olivier Assayas a tem em seu filme Personal Shopper, dois anos após Sils Maria, o que a levou a ganhar o César de Melhor Atriz Coadjuvante – a primeira vez. Crepúsculo ficou para trás. A pequena estrela se tornou a figura da América que amamos, uma musa da arte que interpreta um papel: o seu próprio.

MARIE CLAIRE: Café Society, o novo filme de Woody Allen, vai abrir o Festival de Cannes. Foi um sonho para você trabalhar com ele?
KRISTEN STEWART: A ideia de filmar com Woody foi intimidante. Durante as audições, eu realmente duvidei da minha credibilidade. No final, eu estava muito feliz, me senti segura. Ele é profundamente inteligente, seu jeito diferente de cobiçar as coisas… Ele consegue adicionar profundidade em momentos de pura comédia, essa leveza estranha é muito impressionante. Eu tive sorte.

MARIE CLAIRE: Há algum lugar no mundo onde as pessoas não conheçam você?
KRISTEN: É estranho porque sou eu que estou dizendo isso, mas se estou tentando ser objetiva, eu posso dizer: “Porra, não. Não há nenhum.” Conhecer pessoas que não se importam, que possuem outra prioridade, é bem legal. Eu não sou extremamente tímida ou reservada, mas também não sou a pessoa mais extrovertida. Por sempre me sentir sendo examinada de perto, eu desenvolvi um sentindo louco de audição. Pode me tornar uma pessoa paranóica, tipo: “Eu juro por Deus, alguém está ouvindo o que eu estou dizendo.”

MARIE CLAIRE: Sua vida é definida pelo seu emprego…
KRISTEN: Sim! Minha vida é distorcida por causa do meu emprego, é estranho porque é uma conexão com o meu trabalho. Como uma atriz, nós temos que ser completamente “espontâneas” e “dirigidas”, isso em circunstâncias que estão sob controle. Planejar a espontaneidade é, por natureza, uma contradição. Eu vivo um pouco do mesmo jeito. Eu gosto de viver o momento, mas também gosto de me proteger. Na minha vida, não apressar as coisas e não mudar o que foi planejado há muito tempo é um esforço, mas também me permite ter momentos de espontaneidade. Requer um pouco de organização. Algumas vezes, você apenas diz para si mesma: “Foda-se!”, você faz coisas estúpidas e isso não importa. No fim do dia, os momentos que você viveu são seus. Eu não ligo para a minha imagem em geral, contanto que eu possa viver minha vida. Eu não ligo para quem consome isso.

MARIE CLAIRE: O que você gosta sobre a fama?
KRISTEN: Ser uma atriz permite que você crie conexões com pessoas que, algumas vezes, você acabou de conhecer. A fama me permite ter isso em uma escala maior. Nós fazemos filmes para ficar mais próximos, para entender um ao outro. Eu tenho sorte, amo o que faço, e eu conheço pessoas extraordinárias.

MARIE CLAIRE: O que você odeia sobre a fama?
KRISTEN: Perder meu tempo falando sobre isso (risos). É sempre, como agora. Nós estamos no telefone por 8 minutos, e só falamos disso. Não há muito o que dizer, e ninguém quer ouvir você se lamentar sobre seu trabalho, especialmente quando tantas pessoas querem se tornar atores.

MARIE CLAIRE: Aparentemente sua equipe em sessões de fotos é incrivelmente legal e eficaz. Você já despediu alguém?
KRISTEN: Eu nunca dirigi um filme, então não tenho nenhum empregado para despedir.

MARIE CLAIRE: Mas alguns atores despedem seus agentes ou publicistas…
KRISTEN: Eu trabalho com as mesmas pessoas desde que eu tinha 12 anos de idade. A mesma estilista, a mesma publicista, o mesmo agente, eu não tenho um empresário. Nós somos como uma família, fazemos um ótimo trabalho. Aconteceu alguma vez quando eu estava no set, algumas pessoas estavam tirando fotos (pessoas que não deveriam estar lá em primeiro lugar), minha equipe me protege então eles chutaram esses babacas para fora.

MARIE CLAIRE: Você cresceu com três irmãos. Sua mãe costumava te dizer: “Kristen, você é linda”?
KRISTEN: Sim, o tempo todo! Sempre! Nós éramos muito próximas quando eu era pequena, ainda somos. Nós éramos como amigas, as únicas meninas na família, ela me levava para todos os lugares. Quando eu era pequena, eu era rodeada por adultos e eu acho que é muito importante tratar as crianças desse jeito. Deixar eles com alguma margem de implicação e interação, como se eles já fossem o que você quer que eles sejam. Eu era amiga dela. Sim, sua adorável filha.

MARIE CLAIRE: Quando você olha no espelho, você gosta do que vê?
KRISTEN: Sinceramente, cara, quando eu era pequena… Eu sei que não há nada mais irritante do que quando atrizes ou pessoas que são consideradas atraentes dizem coisas estúpidas como: “Eu era tão feia” mas deixa eu te dizer, eu era como o meu irmão até fazer 14 anos. Eu fiquei terrivelmente preocupada por causa disso, eu era muito estranha, totalmente magricela, desastrada, as pessoas costumavam me confundir com um menino constantemente. A primeira vez que alguém colocou um microfone em mim, o engenheiro de som colocou uma fita no meu peito – não faça disso um grande problema – eu tinha 10 anos. Ele estava pressionando forte e disse: “Hey, você é uma criança forte, e aí menino?” E eu fiquei lá sentada e respondi com voz fraca: “Hum, não. Pare.” (ela ri). E foi assim todas as vezes. Em algum ponto, eu gostei de ser tratada do jeito que eu era. Mas eu me amo? Essa é uma pergunta engraçada. Eu estou feliz, tenho muita sorte, sou saudável e consciente disso tudo.

MARIE CLAIRE: Você costumava ser moleque. Você entrou em brigas quando criança?
KRISTEN: Não, eu nunca entrei em brigas, no sentido de que nunca dei ou recebi um soco. Mas quando eu era mais nova, eu era muito competitiva – até demais. Algumas vezes eu fico com vergonha de mim mesma, eu vou com muita força e as pessoas ao meu redor dizem: “Calma.” Mas entrar em uma briga, não. Eu não quero machucar ninguém.

MARIE CLAIRE: Quando você tinha 20 anos, você realmente interpretou essa coisa feminina, com seu cabelo longo. Por que você cortou?
KRISTEN: Eu cortei para um filme, Equals, que vai estrear em breve. Se passa em uma realidade distópica, onde as pessoas são geneticamente modificadas para serem iguais e seguir um grupo, eles compartilham a mesma curiosidade. Eu amo ter cabelo longo, mas me sinto bem com cabelo curto, é como se eu não estivesse me escondendo atrás de um véu. É uma versão nova de mim.

MARIE CLAIRE: Cabelo longo manda uma mensagem de feminilidade.
KRISTEN: Todos amam cabelo longo. Como resultado: todos parecem a mesma coisa. Nossa geração está criando um novo jeito de ser você mesmo, desconectando daquelas normas antiquadas que ditam o que é recompensador e como todos deveriam parecer. Muitas meninas ficariam arrasadas, horrorizadas se tivessem o cabelo cortado: “Oh meu Deus, eu não sou mais bonita!” Mas sim! Você é! Isso está mudando rapidamente, por falar nisso, a aceitação dessa natureza ambígua. Mais e mais, as pessoas estão sendo vistas como indivíduos. É ótimo e muito fácil quando você pensa nisso. As pessoas que não se permitem ter a aparência que querem por causa do medo do que as outras pessoas vão pensar, elas me deixam triste. É uma merda, apenas horrível.

MARIE CLAIRE: Minha pergunta pode soar superficial, mas eu notei uma diferença no jeito que as pessoas olham para você?
KRISTEN: Desde que eu cortei o meu cabelo, sim, algumas pessoas nem olham mais para mim. Idiotas que estão tipo: “Eu não gosto mais de você!” De primeira, quando eu saí sem todo aquele cabelo, eu realmente senti: “Wow, a experiência é um pouco diferente.”

MARIE CLAIRE: O que é pior em Hollywood, em sua opinião: Ser mulher, negro ou gay?
KRISTEN: Eu não tenho muita experiência com os assuntos, não tenho muito a dizer.

MARIE CLAIRE: O que você tem a dizer sobre aquele grupo de homens que são proeminentes em Hollywood?
KRISTEN: Nada, exceto: “Continue a fazer bons filmes, estamos tentando fazer o mesmo!” Eu estou totalmente consciente do quanto eu tenho sorte, do número de oportunidades na palma das minhas mãos. Para mim, ser uma mulher na indústria do cinema não é uma coisa muito estressante, mesmo que, os papéis para nós não são tão grandes em número, é verdade. Eu não posso ignorar que há uma verdadeira luta sobre esse problema, mas para ser honesta, eu não tenho isso em mente no momento, eu estou trabalhando muito, está indo tudo bem e estou muito feliz sobre isso.

MARIE CLAIRE: Então você não vai seguir os passos de Jennifer Lawrence, que está indo para a guerra contra as desigualdades entre homens e mulheres quando se trata de salário?
KRISTEN: Não. Agora, eu estou trabalhando em pequenos filmes, e é como uma pequena família, estamos todos no mesmo nível.

MARIE CLAIRE: Houve um momento na sua vida que você não se sentiu livre?
KRISTEN: Na vida, você é constantemente o seu próprio inimigo. Nós somos todos prisioneiros em nós mesmos, de um jeito ou de outro, para crescer e encontrar quem somos, esse é o objetivo, não é? Eu realmente gosto de ficar mais velha. Conforme passam os dias, eu me sinto mais livre, mais perto do que eu quero me tornar, está ficando fácil. Eu olho para mim mesma e penso: “Está tudo bem, cara. Relaxa.”

MARIE CLAIRE: Você gosta de si mesma?
KRISTEN: Olhar para as pessoas ao seus redor é um bom jeito de medir o seu valor. Meus amigos e as pessoas que eu trabalho são excepcionais. Meu trabalho é minha vida, minha vida é meu trabalho. Então, sim, eu olho para essas pessoas incríveis ao meu redor. Eu estou na vida deles porque eles são incríveis. Similarmente, se eles estão aqui, é por uma razão, eu devo ser muito legal.

Fonte | Tradução: Equipe Kristen Stewart Brasil