Oliver Assayas, diretor de Acima das Nuvens, concedeu uma entrevista para a Eye For Film e falou um pouco sobre Kristen e sua colega de elenco Juliette Binoche, e seus diferentes estilos de atuação. Confira:
Richard Mowe: Você pode falar sobre os diferentes estilos de atuação de Kristen Stewart e Juliette Binoche?
Olivier Assayas: Isso é muito sobre o que o filme aborda. Tem atrizes vindas de culturas totalmente diferentes. Elas têm uma experiência completamente diferente e eu tenho uma relação muito diferente com as duas. Atuar também é sobre a relação entre o ator e o diretor. Não é apenas você lá sozinho. Juliette é uma atriz muito experiente que passou por muitas fases. Ela é uma atriz que teve fases assim como um pintor teria fases. Na primeira época de sua carreira ela estava indo em uma direção de controlar o que ela estava fazendo e talvez intelectualizando o que ela estava fazendo e agora gradualmente ela se soltou. Ela entendeu que ela poderia ser confiante o suficiente para improvisar e reinventar as cenas e tentar coisas. Basicamente é o processo que todos os atores passam porque é o único jeito que eles podem se divertir fazendo o que eles fazem. Alguém como a Kristen estava fazendo o filme porque ela sentiu que tinha algo a aprender com a Juliette. Ela pensou que estava sendo limitada sobre o que ela podia fazer em termos da sua atuação, pelas regras e rigidez do que é esperado de uma jovem atriz americana em um filme americano. Ela teve o sentimento de que tinha mais para atuar, tinha mais espaço e que ela podia tentar as coisas do mesmo jeito que Juliette tenta. O que fez a química entre elas nesse filme foi o fato que Juliette entendeu isso e entendeu que ela podia dar algo para ela e elas começaram bem distantes e gradualmente ficaram mais próximas. Elas aprenderam a funcionar com um casal – e até algumas vezes pareceram uma só pessoa. Eu vi Kristen tentar algumas coisas que ela obviamente pegou da Juliette e que ela não teria tocado nos dias iniciais de nossas filmagens.RM: Você parece se sentir atraído por mulheres fortes em seus filmes. Por quê?
OA: Não só em filmes – na minha vida também! Eu tenho tido sorte de ter feito filmes com grandes atrizes. Eu tenho sido privilegiado – eu já trabalhei com Juliette e Kristen e Maggie Cheung, Asia Argento, Jeanne Balibar e assim por diante. É difícil explicar o que inspira você mas eu acho que retratar mulheres na sociedade moderna é emocionante e interessante. Tem um sentimento de que o que define o mundo contemporâneo é o jeito que as mulheres tem ganhado poder e como elas aprenderam a usar esse poder e isso tem sido um assunto que me fascinou não só em filmes mas também na vida real e na arte e em como a sociedade está mudando.RM: O que Kristen Stewart trouxe para a mesa?
OA: Eu supus que ela era capaz de brincar um pouco com a fama de Hollywood e com sua persona de Crepúsculo. Ela trouxe uma nova dimensão. Juliette era parte real e parte fictícia e de repente Kristen também era parte real e parte fictícia. Isso se tornou um tipo diferente de filme – nos meus outros filmes eu tentei apagar os atores e fazer eles se misturarem com seus personagens, enquanto aqui eu me dei conta que era importante que vocês estivessem dentro e fora de suas personas. O filme girou em torno das suas personagens e elas mesmas individualmente.