No dia da press de Still Alice em Los Angeles, Kristen e Julianne deram várias entrevistas e uma delas foi para o Collider. Confira a entrevista abaixo onde as duas comentam sobre Alzheimer, suas experiências com a doença e mais.
Para qualquer um que teve de assistir um ente querido sofrer com alguma doença, Still Alice mostra dolorosamente e de forma realista como isso afeta não só o indivíduo, mas também todos a sua volta. Dirigido por Richard Glatzer e WashWestmoreland, a experiência em primeira pessoa de Alice Howland (Julianne Morre, em uma performance impressionante) uma bem casada professora de linguística, com três filhos adultos (interpretados por Kristen Stewart, Kate Bosworth e Hunter Parrish) que descobre ter um tipo de Alzheimer precoce e luta para continuar conectada com quem ela costumava ser, e como ela vai esquecendo das coisas ao seu redor.
Durante uma conferencia, as estrelas do filme Julianne Moore e Kristen Stewart falam sua tentativa de entender o que é viver com a doença, que está rapidamente ganhando terreno, como a comunidade de Alzheimer realmente sente que estão perto de algo significativo, se tiveram alguma experiência pessoal com a doença, e o que mais gostaram ao trabalhar uma com a outra.
Kristen, você é uma atriz de sucesso e tem sido parte de uma grande franquia, mas neste filme, você é uma aspirante lutando para ser atriz. Como foi entrar nesse papel?
KS: Uma das maiores lutas ao se tornar adulto é descobrir o que você quer fazer e o que te faz feliz. Lydia realmente percebeu isso cedo. A coisa mais corajosa a se fazer se agarrar a isso e ver se você estava certo. Eu a admiro pela mesma razão que admiro alguns dos meus amigos que ainda não alcançaram o que realmente gostariam de fazer, em seus sonhos mais selvagens. Eles ainda estão trabalhando nisso. Tenho a sorte de ter tomada após tomada a minha disposição. Eu ainda estou procurando por ele, no entanto. Com cada projeto você se sente como se estivesse tentando encontrar seu lugar para desabafar. Para qualquer ator, essa é tipicamente a sensação que o leva a fazer isso. Eu posso relacionar. Se eu parasse de trabalhar amanhã, eu ainda teria esses impulsos e sentimentos para sair, essas questões e desejos para explorar. Eu me sinto assim toda vez que eu estou me aproximando da ideia de assumir uma responsabilidade tão boa e dizendo: “Eu sou boa o suficiente para estar no filme”. É uma declaração enorme de se fazer, e cada vez que faço penso: “Essa é a escolha certa?”
Kristen se você estivesse na mesma situação de Alice, você acha que iria reagir como Lydia?
KS: Bom, eu acho que é bem mais fácil para uma pessoa que vive e se entrega na ambiguidade da vida, considerando Lydia é essa pessoa artisticamente inclinada que não é confortável com as respostas. Ela não é capaz de dizer exatamente o que ela quer. O que ela está dizendo para você é: “Eu não sei o que eu quero, mas tudo bem. Eu estou atravessando isso.” Eu acho que é fácil para uma criança olhar para sua mãe e ver algo indefinível. É mais fácil para uma criança apreciar e ver os momentos. Só porque você não pode ter uma resposta final, em termos de como tudo vai ser, ou você não poder dar um nome a isso, ainda vale a pena viver aquele momento potencialmente maravilhoso. Considerando que alguém que quer mapear tudo para fora, se eles não podem resolvê-lo como uma equação, então eles não podem tê-lo em sua vida. Posso me relacionar com meu personagem, em que eu definitivamente não tenho as respostas, e isso não é o que eu estou procurando. Eu não sou o tipo de pessoa que só precisa se sentir concreto e que nada vai mudar. Eu me deleito com mudanças. Não é que ela é mais apta ou tem as ferramentas para ser emocionalmente forte. Não é força. É apenas a maneira de como as pessoas são. Dentro desta história, dentro da realidade de alguém que pode ser semelhante, espero em Deu que eles tenham alguém que não precisa das respostar, e quem apenas esteja disposto a se sentar ali e esquecer cada frase, e ainda assim desfrutar da tarde.
Alguma de vocês já teve uma experiência pessoal com Alzheimer?
JM: Eu não tive nenhuma experiência pessoal com a doença. Eu tive sorte nessa parte.
KS: Eu nunca tive qualquer experiência pessoal com o Alzheimer, com um membro da família ou ente querido. Eu tenho uma história de quando eu era criança, na casa de um amigo da família para o jantar. Eu entrei na sala e lá estava uma senhora, e eu tive essa experiência estranha. Começamos a conversar, e eu rapidamente notei que havia algo errado. Eu era pequena, então eu não sabia dizer o que era, mas eu estava muito consciente de que ela era o que você diz sobre alguém que em Alzheimer em sua idade avançada. Eu tinha essa troca com ela que apenas bateu em nós em nossos corpos com tanta força, que naquele momento você poderia sentir que estávamos emocionalmente conectadas, e eu podia ver em seus olhos que era precioso e que estava acontecendo. E então ela me perguntou onde estava a irmã dela e eu estava tipo: “Eu não sei. Tchau.” Tivemos o jantar e ela estava ausente. Ela estava sentada na mesa mas estava totalmente e completamente ignorada. Eu me senti como se não havia nenhuma maneira que a alma dessa pessoa, tanto seu corpo e sua mente estavam limitando ela, não estava cantando. Ela apenas não estava sendo ouvida. Eu me lembrei disso por um longo tempo. Foi a primeira coisa que eu dividi com Wash (Westmoreland) e Rich (Glatezer), quando nós conversamos sobre o roteiro. Eu não julgo a família por estarem a ignorando, não mesmo. Eu era uma criança que estava ali por uns 30 segundos. Esse provavelmente não é o caso. Eles provavelmente tem essas conexões onde eles alimenta um ao outro e dão muito uns aos outros. Mas o que realmente está preso em mim é que as pessoas são esquecida, mas elas não estão perdidas. Todo mundo pode ser muito mais feliz e ter muito para se segurar. Isso me fez emocionalmente investir neste, de uma forma que eu não teria investido, se eu não tivesse visto.
Kristen, como foi trabalhar com Julianne Moore?
KS: Nós nos conhecemos faz alguns anos, e eu sabia que poderia interpretar sua filha e ter esse relacionamento com ela. Eu provavelmente só passei, antes do filme, muito pouco tempo com ela.
JM: Eram momentos em eventos e essas coisas.
KS: Mas o que eu achei, além do que eu precisava, que ela transcende o aspecto técnico do que ela faz, mas ela domina isso, e é capaz de viver e respirar na mesma. Eu sou uma criança, então isso soa bem bobo, mas eu assisti várias pessoas fazendo isso. Eu fiquei realmente espantada com o fato de que ela realmente gosta de ficar em cima do lado emocional e espontâneo e assustador com o lado controlado e preparado. Uma vez que ela está lá, ela se deixa lá. Eu a amo, e é estranho falar sobre ela em uma sala como esta, mas eu estou dizendo com franqueza e embarcamento, que se você a chamar de idiota, teríamos grandes problemas.
Eu aprendi muito. Eu aprendo muito com atores que acho que não são bons. Toda experiência molda você. Eu tive experiências com atrizes – e digo atrizes porque não é só uma coisa de mulher – que alcançaram o que ela está alcançando, por meios que eu não consigo entender. Quando eu me encontrei com Julianne e realmente comecei a passar por esse processo com ela, fui capaz de observar essa tarefa monumental que ela concluiu, eu poderia me relacionar completamente com a forma que ela se aproxima de tudo. Isso me fez senti bem. Eu quero saber de onde estamos sendo vistas, eu quero saber de todos os ângulos, eu quero falar com o D.P, e eu quero incomodar o diretor durante todo o dia, sobre o que iremos filmar pois eu quero ser capaz de usar cada segundo possível para contar a história que nós temos que contar. É divertido. Eu não acho que isso tira o fato de ser completamente enraizada, envolvida e perdida na situação. Ela é uma pessoa técnica. Eu nunca tinha visto isso, e me fez me sentir melhor por não ser o tipo de pessoa tipo ”Oh, eu não sei onde a câmera está, eu estou apenas nisso.” Não, ela sabe. É por isso que ela é melhor do que você.
Julianne como você se sentiu ao trabalhar com Kristen Stewart?
JM: Ou você gosta de uma pessoa ou você não gosta de uma pessoa. Eu não tenho que amar alguém para trabalhar com ele. Eu sou uma pessoa profissional. Mas quando você recebe o bônus de realmente gostar de alguém e realmente se conectar com eles e realmente apreciá-los, é uma coisa fantástica. E eu acho que nós sentimos que, como pessoas, como atores e como parceiros. É muito libertador. É muito mais fácil para nós.
Kristen, o que você procura em um personagem quando assina para um filme?
KS: A maioria dos trabalhos que fiz, eu tenho sido pessoalmente desenhada para que eu senti que era a forma mais honesta de fazê-lo, não só para o bem do projeto, mas pela razão de que eu sou uma atriz. Tenho raramente saído para fora de mim mesma para fazer um papel que eu não pude entender completamente. Eu não se se já fiz isso. Talvez um dia. Eu não sei. Não há uma linha tênue para os personagens que eu gravito. Eu acho que você pode me ver neles, porque eu não consigo esconder isso e eu não estou tentando. Eu fiz alguns papeis que foram baseados em pessoas reais, e aqueles foram os momentos que me sinto mais esticada. Mas mesmo assim, acho que a razão pela qual eu sou atraída por esses personagens foi porque eu senti uma quantidade inacreditável de mim neles, e aspectos desconhecidos de mim neles, o que é mais importante. Eu não estou totalmente interessada em fazer coisas que eu sei. Claro, que eu estou confortável correndo a mão pelo meu cabelo em um momento em que eu me sinto insegura, e que pode ser capturado no filme, assim você pode me atribuir essa afetação para a vida, e isso é bom. Mas a razão que está acontecendo o que está acontecendo é porque eu quero estar lá e eu quero fazê-lo. Eu quero saber por que eu trabalhei para esse projeto. Eu quero saber por que eu tenho esse sentimento quando li o roteiro, ou ligar para um diretor. Eu preciso viver isso, então posso chegar ao outro lado disso. A aprendizagem é 20/20 e eu aprendo alguma coisa, mas no momento, estou totalmente lá. Isso é o que eu gosto de fazer.
Fonte | Tradução: Ana Paula – Equipe Kristen Stewart Brasil