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Kristen é a capa da edição de setembro da revista ELLE US, a maior de todas as edições, e agora você pode conferir a entrevista traduzida que a atriz concedeu em junho desse ano:

Kristen Stewart é famosa por – não, risca isso. Famosa é uma palavra muito gentil para descrever o que Kristen Stewart é agora para a história da cultura americana. Kristen Stewart é um fenômeno por interpretar a garota nos filmes da saga Twilight, só que, claro, ela interpretou o menino. Esse é o segredo da atração da franquia: É uma nova versão de Romeu e Julieta, exceto – e aqui está o motivo pelo qual o material é tão novo – ele é Julieta e ela é Romeu. O Edward Cullen de Robert Pattinson é o objeto de desejo e também a Fera que também é a Bela. É a Bella Swan de Stewart que bota um fim em sua solidão e supera os obstáculos físicos e metafísicos em seus caminhos, convertendo para o vampirismo, para então poderem ficar juntos por toda a eternidade.

Enquanto estamos no assunto de segredo de atração, aqui está o de Stewart: Ela é uma adorável garota que possui tanto uma inteligência sentimental quanto a profundidade dos sentimentos, ainda assim, num piscar de olhos, ela pode se transformar em uma jovem garota quente e durona que está pronta para a ação, chutes, qualquer coisa. A primeira personalidade, delicada sem ser fraca, é o motivo pelo qual ela é tão comovente nos filmes como Na Natureza Selvagem, Adventureland e Na Estrada, o par perfeito para Emile Hirsch, Jesse Eisenberg, Garrett Hedlund e Sam Riley. A última personalidade, tão segura que se torna arrogante, com bordas de machismo, é o motivo pelo qual ela consegue conduzir os olhares de puro desejo para Dakota Fanning em The Runaways. É o motivo pela qual ela consegue conduzir, também, o papel de Joan Jett, a mulher que provou que você não precisa de um pênis para arrasar, você só precisa afinar a guitarra, escorar essas coisas e criar um som que pula das caixas de som, com urgência, cheia de vitalidade e agressão.

Okay, então essa é Kristen Stewart, a estrela do cinema e símbolo sexual.
Eu encontro-me com Kristen Stewart, a pessoa, no final de uma segunda-feira em junho em Culver City. Nós vamos nos encontrar no estúdio do artista Ed Ruscha. Eu sou da costa leste e o trânsito de Los Angeles me deixa assustada, então chego meia hora mais cedo. Quando Stewart aparece, um minuto para o horário, eu estou conhecendo o quarto de um homem cheio de bugigangas de Marilyn Monroe; dois cães, os dois chamados Lola; e fotos rasgadas de Jesus por Paul, irmão de Ruscha. Stewart me liga dizendo que está do lado de fora e eu vou abrir a porta.

A garota do outro lado pode ter feito uma Joan Jett assustadoramente convincente, mas é uma jovem Elvis Presley com quem ela se parece mais: a mesma forma de amêndoa dos olhos (seu verde vivo foi substituído por um marrom para Twilight), delineado preto, as pálpebras pesadas e cobertas; a mesma cor da pele, um tom branco e sem uma marca, tão sem poros como o mármore; mesma boca, estreita, mas cheia. Ela veste um jeans skinny bem apertado, Vans e uma blusa com decote V, óculos de sol na gola, o cabelo longo e emaranhado, pintado de vermelho e com a raíz escura. O look, totalmente sul da Califórnia, é totalmente anti-glamour, mas ela também pode minimizar seus recursos naturais. Eu preciso te dizer que ela é muito, muito bonita? E apesar de ter 24 anos, ela pode se passar por muito mais nova – uma criança recém saída do ensino médio.

Stewart e eu apertamos as mãos e eu mostro a ela o local. Sua conduta é tímida, nervosa, mas ela também parece ansiosa para se comunicar. Não somente com Ruscha, que entrou no local junto com ela, mas também com a assistente de Paul e Ruscha e as duas cadelas. Comigo, também. A harmonia de Stewart com Ruscha é natural e instantânea. Ele sabe que ela apareceu na adaptação de Walter Salles de On the Road, onde ela interpretou Marylou, a “garota afiada” de Dean Moriarty. Ele mostra algumas edições de fine art do romance de Kerouac – um dos favoritos de Stewart – que ele criou alguns anos atrás, com ilustrações para os textos. Conforme ele foi virando as páginas, Stewart foi nomeando os objetos e lugares: marcas de cerveja e automóveis que não existem mais, um pacote de cigarro – “Nós fumamos tanto desses que achamos que íamos morrer!” – um prato de torta de maçã à moda da casa, a estrada do Arizona e bordéis mexicanos. Ela não faz isso de um jeito para se exibir, mas com o prazer do reconhecimento de algo que a move ou anima ela.

Depois que Ruscha fecha On the Road, ele e Stewart continuam em um papo, comentando facilmente sobre as coisas. Eles estão conversando sobre um amor em comum por vazamentos de luz em fotos, quando eu tenho que quebrar o momento, por causa de uma reserva para 12h15min e eu prometi para a publicista de Stewart que não tomaria muito o seu tempo.

Stewart e eu entramos em seu Mini Cooper, que na verdade é de sua mãe, e partimos para um restaurante perto dali. Antes de entrarmos, Stewart para em um canto para um cigarro, que ela fuma nervosamente rápido. Assim que chegamos à recepção, eu entendo o seu espasmo de ansiedade. Sua cabeça e seu corpo estão curvados – ela está praticamente propícia a invisibilidade – e ainda assim, os olhos das pessoas vão para ela como ímãs. Todo mundo encara. Digo, todo mundo mesmo. Até as pessoas que parecem que não estão encarando, estão. É nesse momento que eu percebo – novamente, devo dizer, já que eu sabia antes de conhecê-la, mas esqueci depois, por ela ser tão modesta, tão discreta, bem, tão normal – a quão celebridade de liga principal que ela é. Percebo também que ela deve viver muito tempo da sua vida na misericórdia de estranhos. Por exemplo, se um de nossos camaradas decidirem acabar com seu disfarce ligando para uma revista de fofoca (hey, isso é Los Angeles, as pessoas devem ter esse tipo de número na discagem rápida) ou tweetar “OMG, KStew está no Akasha em Culver Blvd!!!”, nós teríamos que ir embora e com fome. A recepcionista nos levou até uma mesa discreta na parte de trás do restaurante. Um garçom deixa os menus e água e Stewart ocupa a cadeira de frente para a parede, com as costas para o local. Assim que está claro que estamos sozinhas e que ninguém irá nos perturbar, ela relaxa, tira o cabelo de seu rosto e solta a respiração que ela estava prendendo desde que entramos.

Por um ou dois minutos, nos conversamos sobre a esquisitice que é ser ela.

“Então, basicamente, você nunca pode olhar para as pessoas.” Eu digo.
“Eu sou obcecada com isso. Eu sempre estou assim, eu não posso olhar. Literalmente, na maioria das vezes, eu estaria encarando essas garotas [ela aponta com a cabeça], mas eu nem olhei para elas.”
“Não pode arriscar contato visual com estranhos, não é?”

“Sim, porque você estaria deixando que eles entrem. Mas ao mesmo tempo eu penso: ‘O que, eu não quero deixar ninguém me conhecer?’ E, honestamente, eu sou super verdadeira com as pessoas. Incrivelmente. Se uma pessoa é realmente legal e quiser conversar, eu fico e converso o dia inteiro.”

O garçom retorna e Stewart abre o seu cardápio, rapidamente olhando as opções.

Enquanto ela está ocupada fazendo isso, eu vou dizer qual é a “coisa” dela: que ela não gosta de ser famosa ou que ela não gosta de ser famosa o suficiente, ou que ela é um pouco ingrata porque ela não aproveita o suficiente a fama que nós, o público, demos a ela. Pelo melhor que posso dizer, ela tem essa reputação por muitas vezes não dizer “Xis” para as câmeras. A minha percepção de Stewart é que ela é naturalmente uma pessoa tímida, então ela casualmente se encolhe com a atenção que ela recebe, e uma pessoa naturalmente honesta, então ela pode ligar para isso em um instante. E, okay, talvez ela seja naturalmente rebelde, também. E espíritos rebeldes estão em escasso em Hollywood. Minha aposta é que Stewart nem sempre é legal com a mídia porque ela sabe que o preço de ser legal é muito alto. Você dá para a mídia o que eles querem e eles pegam, pegam até que você se perca.

Stewart expia seu cigarro de mais cedo com uma salada de couve. Ela é uma garota local, nascida e criada em San Fernando Valley, seus pais estão na área do show business: sua mãe é uma supervisora de roteiros e seu pai é um gerente de palco e produtor de TV. Stewart decidiu muito nova que queria ser atriz, não pelo desejo de atenção e sim por querer um emprego. “Eu queria ir trabalhar com meus pais e ter algo para fazer,” ela diz. “E a única coisa que você pode fazer quando criança, é ser ator. Eu via as crianças no set e perguntava ‘O que é isso? Por que elas estão aqui?’” Sua família lhe mostrou como era a indústria e ela manteu seu pensamento.

O sucesso veio rápido. Com onze anos, ela apareceu em The Safety of Objects. Com doze anos, foi a vez de Panic Room, como a filha de Jodie Foster. Stewart teria que esperar até o seu aniversário de dezoito anos por Twilight e a super fama, embora quando ela assinou o contrato, ela pensou, e com boas razões, que era um indie – o elenco quase todo desconhecido e dirigido por Catherine Hardwicke.
“Quando você percebeu o quão grande seria Twilight?” Eu pergunto.
“No dia da estreia do filme, havia uma foto minha no New York Post, eu acho. Eu estava sentada na varanda da frente fumando um cachimbo com o meu ex-namorado e meu cachorro. Eu fiquei tipo ‘Oh, merda, agora eu tenho que prestar atenção nisso.’”

Ela admite que a fama repentina foi muito para aguentar: “Eu ainda não tinha esculpido meu espaço e as pessoas ainda não tinham se acostumado comigo. Foi muito difícil. Eu não dava entrevistas muito bem, eu estava muito nervosa. As pessoas não responderam muito bem a isso.”

Nos últimos anos, tudo voltou para uma escala menor com os projetos mais íntimos que Stewart fez antes e durante a saga Twilight, com Snow White and the Huntsman sendo uma notável exceção. Ela tem dois filmes saindo no final desse ano, Camp X-Ray de Petter Satler e Clouds of Sils Maria de Olivier Assayas
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Eu pergunto para ela quem ela está namorando por esses dias. Stewart é educada sobre isso – certamente mais do que mereço – mas me deixa saber que sua vida profissional é precisamente isso, uma postura que eu acho pessoalmente admirável, mas profissionalmente frustrante. Ela está disposta a discutir em termos abstratos como uma vida pessoal é possível para ela: “Eu só tenho que ser muito consciente. Leva um pouco da natureza impulsiva da vida fora da equação, mas eu –”

Stewart é interrompida com o barulho de mensagem de texto. Enquanto isso vou dizer outra coisa sobre ela: não há uma variedade dramática, é a mesma em todo filme. E apesar de ser inegável que cada personagem que ela incorpora tenta assemelhar-se com outro, eles não são idênticos. Stewart está ciente de suas limitações: “Algumas pessoas tentam fazer aquela coisa onde você cria o personagem. Eu não posso ser ninguém mais do que eu mesma. Se eu não posso simpatizar com algo que meu personagem faz, é um problema. E algumas vezes eu tive diretores que ficavam ‘não é você, Kristen, é o personagem.’E eu fico tipo ‘essa é a coisa mais preguiçosa que você pode me dizer. Sou eu.’

Ela envia sua mensagem de texto e nós conversamos por mais alguns minutos. Eu faço sinal para a conta e nós caminhamos para o lado de fora. Eu sinto que ela quer fumar, mas está relutante em acender o cigarro, já que estou visivelmente grávida. Assim que nós nos despedimos, ela pega suas chaves e eu peço para a recepcionista chamar um táxi para mim. Enquanto espero, olho para fora e lá está Stewart com seu cigarro, encostada em seu carro. Assim que termina, ela entra do lado do motorista e dá partida para o trânsito de Culver. A princesa da calma.

Fonte | Tradução: Mari – Equipe Kristen Stewart Brasil