Kristen Stewart: “A fama ficou mais fácil.”
19, out
postado por KSBR Staff

Kristen é capa da revista australiana Stellar dessa semana e falou sobre As Panteras, sua carreira e seus planos para o futuro. Ela também fala sobre redes sociais e o movimento #MeToo. Confira:

Kristen Stewart tinha apenas 17 anos quando começou a filmar Crepúsculo, a franquia de vampiros adolescentes que gerou quatro sequências e adoração fervorosa de adolescentes e adultos, levando-a a um nível de fama que ela admitiu mais tarde que não estava completamente preparada e certamente não estava confortável.

Quando o interesse em sua vida pessoal intensificou, Stewart se recuou, abandonando os blockbusters e ganhando elogios significativos por seus papéis em filmes mais íntimos como Para Sempre Alice, Personal Shopper, Seberg e Acima das Nuvens, pelo qual ela se tornou a primeira atriz americana a ganhar um César, o equivalente ao Oscar da França.

Mas enquanto ela retorna para uma franquia famosa com um de seus maiores papéis até agora em uma nova iteração de As Panteras, a atriz de 29 anos revela em uma entrevista exclusiva com a Stellar que hoje em dia ela se preocupa bem menos sobre estar no controle, muito menos ”quebrar a cara.”

O escrutínio em você foi intenso durante e logo após sua aparição nos filmes da Saga Crepúsculo [2008-2012], o que pode ser muito difícil se você não gosta de estar no centro das atenções – e você confessou não gostar. Como você se mantém privada e pública ao mesmo tempo?
É tudo sobre abdicar o controle. Essa troca vale muito a pena – toda a energia que você coloca no mundo volta para você. Eu sinto que existe um jeito de manter essa interação realmente honesta e quando é, você não está vendendo as ideias de outras pessoas ou a si mesma.

Isso costumava ser muito difícil para mim, mas eu não me sinto mais assim porque eu realmente não estou preocupada sobre o que pode acontecer. A pior coisa é que eu poderia cair de cara em qualquer lugar, e veja bem, não é tão ruim quando as pessoas caem. Não importa.

Ficou muito mais fácil para mim não levar as coisas tão a sério e não sentir uma pressão imensa quando estou falando com as pessoas. Não é mais assustador porque eu vejo o quanto é legal poder me conectar com tantas pessoas.

Em 2002, anos antes de Crepúsculo, você estrelou O Quarto do Pânico com Jodie Foster. Ela te deu algum conselho?
Eu lembro que ela pensou que não havia chance de que eu continuaria a ser atriz, que era algo que eu não iria gostar conforme fosse ficando mais velha.

Ela é um pouco “anti-Hollywood” e não do jeito que desdenha; é que suas sensibilidades são tão unicamente criativas e singulares. Ela ficava tipo, ”Você provavelmente vai dirigir filmes ou voltar para a escola.” Eu realmente amo meu trabalho. Mas eu entendo completamente por que ela pensou isso de mim quando criança.

Eu a amo. Se tivéssemos que representar a raça humana para um planeta alienígena, eu tenho uma lista e seriam Cate Blanchett e Jodie Foster que precisariam subir e nos representar [risos].

Você completa 30 anos ano que vem. O que você está esperando?
As coisas ficam mais fáceis quando você vai ficando mais velha. Eu quero dirigir esse filme que eu acabei de adaptar. Eu sempre pensei que faria isso mais cedo, então meu objetivo é terminar antes dos 31. É um longo salto, mas vou fazer funcionar.

As Panteras é um filme bem maior do que muitos que você fez nos últimos cinco ou seis anos. Você está sentindo a pressão antes da estreia?
Eu estou muito orgulhosa do filme. Eu acho que esse é o sentimento mais fresco que eu tive em um longo tempo sobre um filme e eu acho que a Liz é a pessoa perfeita para contar uma história sobre um grupo, empoderando os membros e a diversão que podemos ter enquanto fazemos coisas muito importantes e cuidamos umas das outras. É um filme sobre mulheres no trabalho e é uma ótima época para contar essa história.

Esse é um reboot da versão de 2000 com Drew Barrymore, Cameron Diaz e Lucy Liu. Drew Barrymore é produtora executiva do novo filme, então obviamente tem a benção dela. Você era fã da versão dela?
Eu amava aqueles filmes. Eu cresci assistindo eles. A imagem da Drew caindo daquela montanha em um lençol e então levantando, e a camisa que as crianças dão pra ela… Essa imagem ficou no meu cérebro. Eu queria ser amiga delas. Elas pareciam pessoas que confiam e completam uma a outra.

É tão contagiante e eu acho que o que fizemos foi expandir esse grupo. Não somos só nós três. Existem vários grupos diferentes de Panteras, é uma rede pelo mundo. Tomamos conta uma da outra e é muito fofo e me senti amada.

Isso tudo é baseado na série de televisão de 1970, que foi vista como uma série revolucionária para mulheres ou um show voyeurístico para os homens. O que você acha?
Eu não me sinto em conflito ao dizer que eu acho que as histórias mais bonitas sobre mulheres são contadas por homens. Mas existe um olhar diferente na perspectiva da Liz. É muito legal que estamos começando a dar valor para diferentes perspectivas porque estávamos perdendo várias histórias incríveis.

Temos algumas ótimas, mas não há um equilíbrio. As mulheres querem parecer sexy e querem parecer sexy uma para a outra. É totalmente independente da sexualização – você ainda pode andar de calcinha por aí contanto que seja sua vontade. Existe algo muito aspiracional ao assistir Cameron Diaz dançando de calcinha no filme de 2000. Eu quero que o filme seja mais do que isso, mas ao mesmo tempo apenas readquirir a beleza desse jeito que só está disponível para nós agora.

As Panteras é notado particularmente por sua ênfase nas mulheres sendo inteligentes e bonitas, mas também fortes, mentalmente e fisicamente. A força tem sido tradicionalmente de domínio masculino, mas agora isso está mudando. Nós vemos força em Linda Hamilton e Emilia Clarke, nossas outras capas dessa edição da Stellar. Deve ser muito especial fazer parte dessa época.
Eu concordo. Estou muito grata de estar aqui. É uma época muito emocionante para fazer filmes.

Você parece ser muito próxima de suas colegas de trabalho Naomi Scott e Ella Balinska, e também da Elizabeth Banks.
Eu queria gostar da Naomi e da Ella e eu realmente tive sorte porque tivemos essa conexão imediata. Eu pareço uma velha falando isso, mas eu acho que elas são uns doces.

E a Liz é como um catalisador andante – ela faz as coisas acontecerem. Ela é alguém que está trabalhando por muito tempo como atriz e ela também é uma chefe muito boa. Ela faz você ficar na ponta dos pés, como se você quisesse fazer o melhor que pode.

Quando o trailer saiu, houve a enxurrada usual de reações negativas online. Esse é um dos motivos pelo qual você não tem uma conta nas redes sociais?
Eu honestamente não vejo utilidade nisso. Eu já sou tão envolvida todos os dias com as pessoas ao meu redor, com meu trabalho e através da imprensa. Eu estou conectada com uma quantidade enorme de pessoas, não preciso me conectar com mais.

Tendo dito isso, eu sou grata pela existência das redes sociais. As pessoas que possuem dificuldade em encontrar seu grupo conseguem agora. Para qualquer criança queer no meio do país pensando, ”Eu sou uma aberração, sou louco, existe algo errado comigo,” é óbvio que isso agora não é verdade, porque eles podem ver que não estão sozinhos.

Eu não uso, mas, sim, claro, as pessoas são uma merda. Você vai encontrar pessoas que odeiam todo mundo, mas elas não fazem parte do seu grupo e felizmente podemos encontrar nosso grupo pelas redes sociais.

Para uma pessoa comum, os problemas em Hollywood podem parecer hipócritas. Os atores podem subir em um palco e fazer um discurso inspirador sobre o #MeToo ou igualdade de salários e ganhar vários aplausos de seus colegas, mas o que você realmente diz para uma pessoa que está trabalhando de caixa de supermercado e com dificuldade de pagar as contas?
Eu acho que é um problema muito difundido, uma questão muito sistêmica que tem raízes em todos os aspectos da nossa sociedade. Sim, falamos especificamente sobre filmes, porque é com isso que estamos envolvidos.

Pode parecer um pouco egoísta do tipo, “Ok, como posso me sentir mal por você? Não vou me sentir mal quando você está fazendo filmes e não está passando por dificuldades.” Mas a liberdade de falar sobre essas questões é contagiosa. É um efeito dominó – se você vir uma pessoa e perceber que ela tem voz…

A liberdade de expressão é um efeito dominó.
Exatamente. Essa é a beleza. Existe um ciclo aqui. É um lindo círculo dessas palavras, tipo ”Me Too, Me Too, Me Too, Me Too, Me Too..” Isso é incontrolável e graças a Deus chegamos aqui.

Fonte | Tradução: Equipe Kristen Stewart Brasil