Durante a divulgação de Personal Shopper, Kristen participou de um Q&A do filme no LACMA, ao lado do diretor Olivier Assayas e agora podemos conferir o que foi falado na sessão. Confira:
Na exibição apenas para membros no LACMA’s Bing Theater em 6 de Março, o diretor Olivier Assayas e a atriz Kristen Stewart conversaram com Elvis Mitchell, curador do Film Independent no LACMA, para falar sobre seu novo drama de mistério, Personal Shopper. Imediatamente após a exibição, Assayas e Stewart mergulharam em uma conversa intensa de 20 minutos sobre sua conexão como colaboradores, bem como o que os atraiu para Shopper.
Tal como aconteceu com a colaboração anterior de Assayas e Stewart em Clouds of Sils Maria de 2014, Shopper reflete o tema das mulheres descobrindo facetas de sua identidade enquanto experimentam o mundo à sua volta. Stewart interpreta Maureen, uma jovem americana que mora em Paris e trabalha como personal shopper para uma celebridade mimada. Gradualmente é revelado que Maureen também é uma médium usando suas habilidades estranhas para se comunicar com seu irmão morto, a quem ela era muito próxima. A partir daí, o filme leva o público em uma jornada através da auto-descoberta de Maureen durante sua vida um tanto que mundana que seguiu a passagem de seu irmão, bem como seus encontros emocionantes (e decididamente não mundanos) com espíritos desconhecidos.
Assayas começou o Q&A, dando ao público algumas informações sobre o quão certo ele estava da capacidade de Stewart em interpretar Maureen. Ele disse que naturalmente lhe deu o roteiro, porque a história “não fazia sentido” sem ela.
“Eu sempre fui fã do seu trabalho, mas eu não sabia o quão longe poderíamos ir ou como poderíamos trabalhar juntos”, disse Assayas. “Foi gradualmente no set de Sils Maria que eu percebi que poderíamos ir mais longe. Eu não tinha idéia de onde estava o limite, e eu ainda não sei.”
Assayas elogiou a qualidade humana e autenticidade que Stewart traz à tela, dizendo que Stewart deu (e dá) a ele a confiança para tentar coisas e explorar áreas que ele não ousaria fazer sem ela—apenas o tipo de colaboração que ele queria para Personal Shopper.
Claramente, para aqueles que sofreram a morte de um ente querido a experiência pode ser desarmadora. Pode ser uma luta para encontrar a sua base depois de algo tão confrontante. Em Personal Shopper, Maureen é uma versão desmantelada e dura de uma pessoa que tenta colocar sua vida novamente nos eixos—um desafio que Stewart tentou retratar.
“Eu acho que cada resposta a esse filme é inteiramente individual, então minha interpretação levou um segundo”, disse Stewart. “Mas, muito ambiguamente, eu sabia que era algo que valia a pena fazer, e fiquei muito intimidada por isso. Mas eu sabia que eu realmente adorei trabalhar com [Assayas].”
Para retratar a personagem, Stewart disse que tinha que saber como era se sentir “sozinho”. Ela precisava se colocar num espaço mental onde se sentia completamente isolada, a fim de canalizar o sentimento de pesar necessário para retratar Maureen.
Mitchell perguntou a Assayas e Stewart se eles achavam que confiavam uns nos outros o suficiente antes da produção para empurrar os limites normais do cinema. Com grande química vem grande colaboração criativa; a relação entre diretor e ator é importante para a atmosfera evocativa pretendida para um filme como Personal Shopper.
“Isso dá a você essa sensação de segurança sabendo que ele faz um bom trabalho, e isso soa muito simples, mas é verdade”, disse Stewart fala sobre o seu diretor.
Assayas sabia que por causa da tranquilidade relaxada de Stewart como atriz, ela iria entender perfeitamente sobre o que Personal Shopper era. Mas sua capacidade de ir além de seus limites incentivou e inspirou-o como um diretor.
“Acho que fizemos esse filme juntos, porque ela se reinventa comigo. Nós éramos totalmente complementares”, disse ele.
É óbvio que as nuvens de Clouds of Sils Maria e Personal Shopper estão unidas por um motivo comum. Mitchell estava curioso para saber de onde essa inspiração veio e por que Assayas pensou que ele gravitava em direção a histórias sobre a relação entre mulheres e identidade.
Assayas compartilhou que por crescer na França sendo filho de imigrantes—um pai judeu-italiano e uma mãe húngara—encontrou sua própria identidade era muitas vezes uma luta. Segundo ele, as mulheres retratadas em seus filmes refletem mais ou menos seu passado. Ele sempre se interessou por “um estranho em uma terra estranha” e as decisões que os estrangeiros têm de enfrentar numa cultura que não compreendem completamente, escrevendo sobre pessoas que têm de dar sentido ao mundo à sua volta. Desde que, disse ele, todos estamos tentando nos descobrir no dia-a-dia, era seu objetivo traduzir esse processo cheio de problemas para o cinema.
Assayas admitiu uma relação complexa com o processo abstrato de transformar seus roteiros em filmes. Ele explora cada roteiro, palavra por palavra e, ao filmar essas palavras, leva-os muito mais longe—especialmente com a ajuda de Stewart. Ao gravar com Assayas, Stewart disse que tudo pertence ao ambiente e por isso, Personal Shopper era um filme que ela estava orgulhosa de fazer.