Durante a divulgação de Certain Women no New York Film Festival, Kristen concedeu uma entrevista ao lado da atriz Laura Dern, que também estrela o filme. Confira também as fotos na nossa galeria:

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“Eu amo pra caralho a sua parte do filme, falando nisso,” diz Kristen Stewart, com o cabelo platinado na altura do rosto, para Laura Dern, sua co-star em ‘Certain Women‘. Apesar das duas atrizes estarem no filme de Kelly Reichardt, elas não compartilham nenhuma cena. Esse é o motivo pelo qual as duas estão só agora – durante a divulgação do filme em Nova York, comigo de vela – tendo a oportunidade de trocar elogios. “Oh meu Deus,” responde Dern, com gentileza enfática. “Eu amo a sua.”

Nenhuma das duas está errada. Baseado em pequenas histórias de Maile Meloy, ‘Certain Women‘ é um tríptico, que aparece através de três personagens em suas tentativas de não afundar contra as pálidas montanhas de Montana. Beth (trazida à vida cansada por Stewart) é uma recém formada em direito que acidentalmente consegue um trabalho de merda. Então, há Laura (interpretada por Dern), uma advogada que fica presa em um pedido desesperado de um cliente por justiça. Laura está tendo um caso com Ryan (James Le Gros), que a frágil esposa Gina (Michelle Williams) está determinada a proteger um arenito local de um homem idoso e indeciso para a casa que estão construindo.

As três mulheres estão conectadas pelo jeito mais tangencial, refletindo sobre o quão pouco nós compreendemos os contornos da vidas de outras pessoas. Daí toda a história de Dern e Stewart. Mas apesar das três histórias serem totalmente distintas, há uma afinidade emocional entre o trio. “A linha que passa é que algumas mulheres estão contra um objeto imóvel e parecem que não conseguem desalojar,” explica Stewart, “e é meio cansativo assistir as três mulheres contra a mesma coisa.”

Falando sobre obstáculos desalojados, as performances elétricas de Stewart em ‘Certain Women‘ e ‘Personal Shopper‘ – sem mencionar os aclamados filmes como ‘Clouds of Sils Maria‘ e ‘Still Alice‘ – estão sendo elogiados e a ex-estrela de ‘Twilight‘ está enfrentando a “realização” de alguns críticos que ela pode atuar de verdade. (“Parabéns!” graceja Dern.) “Acontece que, eu trabalhei muito duro em cada filme bom ou ruim que eu fiz,” diz Stewart com paixão. “E você pode olhar para algo e dizer que não é seu estilo, mas ninguém pode dizer que eu não… Tipo, eu estou fazendo isso desde que eu tinha 10 anos.”

Já que as duas são veteranas da profissão, o que elas pensam sobre o projeto de lei da Califórnia que foi aprovada recentemente, que exige que sites de entretenimento, como o IMDb, removam a idade dos atores se solicitado? “Graças a Deus. É fantástico,” diz Dern. “Como filha de atores, eu vou te contar, a idade da minha mãe foi digitada errada por muitos, muitos anos, então ela esteve sempre 12 anos mais velha do que ela é.” Espere, o que? Se mesmo a lendária Diane Ladd não pode escapar da tirania do etarismo de Hollywood, que chance nós temos? “Por anos as pessoas ficavam “Oh, eu não sabia!” e então o jeito que eles escalam a pessoa para um elenco é… é de quebrar o coração,” explica Dern.

Após sua revelação, Dern vira a pergunta para Stewart, cuja experiência é um pouco diferente. “Eu estou bem porque eu não ligo, de verdade. Não é que eu não ligue para a opinião das pessoas, eu ligo muito para o que as pessoas pensam,” Stewart diz, “mas algumas pessoas pensam que eu estou uma merda e tudo bem.”

Tranquilidade é, o que parece, um requisito básico para não perder a cabeça entre a briga exigente de Hollywood. Quando as duas atrizes decidiram que elas não dão a mínima? “Eu sou muito grata por estar nos meus quarenta anos,” diz Dern, “porque esse é o momento quando, não importa o que seus amigos, família ou redes sociais dizem – mas mais importante, as vozes internas -, você não se importa mais e isso é ótimo.” Com exceção de seus filhos, é claro. “Quando você se torna mãe, você realmente se importa em fazer isso direito, e não liga mais para nada.”

Stewart hesita antes de responder a pergunta; acontece que isso possui conotações complicadas para ela. No silêncio, Dern oferece: “Nós não nos conhecemos, mas minha percepção de você… a energia que você coloca para fora, “Isso é quem eu sou”, e isso é lindo.” Em resposta, Stewart diz, “Isso é muito bom de ouvir de você.” Mas ela quer esclarecer algo: “Eu não gosto da ideia que as pessoas têm de que não me importo.” Na verdade, ela se importa muito. “Ninguém entende ou ama mais o que fazem do que eu,” ela diz, “então realmente magoa. O que eu não ligo são coisas que não importam. Não confundam, entende? Não confundam essa merda.”

Uma coisa que Stewart se importa é sobre a representação de relacionamentos do mesmo sexo na tela. Sua personagem em ‘Certain Women‘, Beth, inspira um desejo intenso em uma de suas alunas, Jamie (a novata Lily Gladstone, com um final de esmagar o coração). “Eu acho que há tantas histórias modernas de amor que não foram contadas e isso é muito legal,” ela diz. “Estamos tão padronizados em termos de como vemos o amor na tela… Agora, estamos meio que reconhecendo que não somos iguais a todo mundo, que as coisas são complicadas, individuais, únicas e fluidas.”

Reconhecer a importância crucial da individualidade é o que, basicamente, atraiu as duas atrizes para ‘Certain Women‘, e para trabalhar com Reichardt, que Dern chama de “uma cineasta incrível.” “Geralmente, pedem para as atrizes serem emocionais ou duras ou sexualizadas,” diz Dern, “ou qualquer coisa que envolva essa ideia do que é a mulher.” Nosso tempo está quase acabando, mas Stewart concorda. “Pediram para apenas existirmos, e é raro que uma mulher possa fazer isso.”

Fonte | Tradução: Equipe Kristen Stewart Brasil