Durante sua passagem por Cannes, Kristen concedeu uma entrevista para a revista italiana D-La Repubblica, onde revelou que parou de comer carne e adotou uma dieta vegetariana, sem produtos animais. Kristen também falou sobre seus projetos recentes, Café Society e Personal Shopper, e mais. Confira:

Shorts, botas de cano curto e uma blusa branca, Kristen Stewart está sentada em um sofá de seda em um hotel de luxo no sul da França. “Se eu usar as roupas certas, eu me sinto pronta para enfrentar o mundo. Eu tenho que agradecer minha estilista, que trabalha para mim há tantos anos e sabe exatamente quem eu sou.” Na verdade, sua estilista é especial. Não só porque sua cliente é uma das atrizes mais procuradas em Hollywood, mas porque ela é um depósito de enigmas: a personalidade dessa jovem atriz definida por construir sua carreira misteriosamente e por ser terrivelmente “descolada”. Mas, para entender Kristen Stewart, nós temos que começar bem longe, do começo. Especialmente lembre-se de que ela tem 26 anos de idade, um detalhe fácil de se esquecer quando você olha para seu currículo.

Ela cresceu em Los Angeles com sua mãe, roteirista, e seu pai, assistente de diretor. Ela fez sua primeira audição aos 9 anos. “Eu comecei a atuar para ser parte de uma equipe, mas então, por causa das audições, eu me afastei de qualquer coisa que era remotamente comercial.” Papéis excêntricos atrás do outro, todos no mundo indie, a levaram até o sucesso massivo da ‘Saga Crepúsculo‘, baseado no romance paranormal de Stephenie Meyer. “Nós não imaginávamos que seria mais de um filme, eu só sabia que Catherine Hardwicke iria dirigir e eu gostei da ideia. Então, tudo se tornou completamente diferente,” diz Stewart.

Aos 18 anos e no papel de papel de Bella Swan, ao mesmo tempo que se apaixonou por seu parceiro vampiro no filme, ela se tornou a atriz mais popular e rica do planeta. De acordo com a Forbes, ela levou para casa €7 milhões por cada um dos cinco episódios. Anos atrás, quando nos encontramos com ela pela primeira vez no auge do seu sucesso, ela falava constantemente movendo suas pernas, como se ela quisesse deixar o local assim que possível. Hoje, ela se comunica rapidamente, esfregando nervosamente seu dedão e seu dedo do meio da mão direita, mas ainda assim, nunca é grossa. “Eu só fico tensa em entrevistas,” ela admite.

Mas ela não carece de força interior, se você pensa que todo mundo ou quase todo mundo em seu lugar ficaria preso no estereótipo quando adolescentes. Ao invés disso, ela, após todo o sucesso esmagador, tomou a indústria do cinema sem perder uma jogada, graças a filmes como ‘Para Sempre Alice‘ de Richard Glatzer e Wash Westmoreland e ‘Acima das Nuvens‘ de Olivier Assayas.

“Nós todos temos muitas personalidades, eu não sou uma exceção. Mas eu não gosto de falar de mim, porque tudo o que digo é mal interpretado. Eu prefiro me revelar como atriz, mostrando aspectos que nem eu mesma estou ciente. Eu acho isso a melhor experiência.”

Certamente 2016 levou muitas versões diferentes de Kristen ao cinema: o ano começou com o Sundance Film Festival, com ‘Certain Women‘ de Kelly Reichardt, onde ela estrela no papel de uma professora em uma escola para adultos e começa um relacionamento agridoce com uma estudante. O clamor continuou em Cannes com dois filmes, ‘Café Society‘ de Woody Allen e ‘Personal Shopper‘, de Assayas. No primeiro, ela é uma secretária dos anos 30 que te faz lembrar Audrey Hepburn. No segundo, ela é uma mulher chocada pela perda de seu irmão gêmeo e permanece presa em uma história de fantasmas. E no verão americano, ela estrelou ‘Equals‘ de Drake Doremus, uma história de amor ambientada em um futuro distópico que foi apresentado em Venice no ano passado. No fim do ano, ela retorna com ‘A Longa Caminhada de Billy Lynn‘ de Ang Lee, onde ela interpreta a irmã de um atormentado herói da guerra no Iraque.

Para tirá-la de sua zona de conforto, há Woody Allen, que, com sua visão, a colocou ao lado do excelente Jesse Eisenberg (pela terceira vez), os fazendo dançar na tela em ‘Café Society‘. “Minha personagem no filme, Vonnie, não poderia ser mais distante de mim. Eu não consigo entender facilmente sua leveza e espontaneidade. Ela respira vida, enquanto eu penso muito o tempo todo. Eu fiz teste para o papel porque Allen pensou que eu fosse adequada, mas ele não sabia sobre minha intensidade. Eu tive que me jogar no papel e mostrar para ele.”

No entanto, há um aspecto que associa Stewart e Vonnie, e é a atitude com relação ao mundo das celebridades. “Eu vivo em Los Angeles, e a versão brilhante e de alta sociedade que Woody mostrou no filme não existe mais. O que resta hoje é um grupo de pessoas que são consideradas estrelas, que, na realidade, não emitem mais luz, e são presas pelo público. Prisioneiros da idealização. Eu sempre sofri com a possessividade dos fãs, é meio que uma responsabilidade agradar aos outros. Mas se desde o começo você se apresenta para o público como uma concha vazia, alguém que não existe, com o tempo essa imagem só vai piorar, até desintegrar.”

Talvez por conta dessa carência que Stewart teve que lidar, ela admite ter lutado contra o estresse por um longo tempo. “Eu conheço ansiedade e ataques de pânico, eu sofri com isso por muito tempo. Eu tentava controlar tudo. As coisas melhoraram, hoje em dia eu sei que por mais que algumas vezes eu sinta que é impossível ver o lado bom da vida, são apenas emoções. Negatividade temporária.”

Stewart possui três cachorros, Bear, Bernie e Cole, que a mantém segura, usa o Instagram (e nenhuma outra rede social) e ama cozinhar. “Eu realmente gosto da ideia do almoço de domingo, ficar na cozinha me faz bem. Há um tempo atrás eu parei de comer carne e não uso mais produtos animais. Eu sou muito boa em fazer espaguete e estou ficando melhor ainda. Eu uso pedaços de maçã, aipo e cenoura, e combino eles com óleo de amendoim e coco… É delicioso!”

Ela diz que não possui ritmo, mas ama tocar guitarra. Ela é amiga de Patti Smith. “A mensagem que ela sempre passa para mim é: “Volte para o trabalho e descubra o que te move. Isso irá manter o seu foco.”” E então ela escreve frequentemente, possivelmente sobre amor, e acumula a provocação de Woody Allen que foi dita por um personagem em ‘Café Society‘: “Amor não correspondido mata mais do que tuberculose. Mas, apesar disso, ao procurar pela palavra certa para expressar um sentimento, triste ou feliz, faz disso real, sai da sua mente, então você pode finalmente reconhecer.”

Qual estratégia você adota para aliviar o sofrimento que segue após o fim de um amor? “No momento, pular em um novo relacionamento sempre parece uma boa ideia,” ela diz, e sua voz se torna mais grave, calma pela primeira vez. “Mas deixar um tempo para lamentar é a melhor cura, sem dúvidas.”

“O que eu estou percebendo ultimamente é que eu me distraio com frequência. Mas agora eu mantenho mais a atenção.”

Até enquanto nós estamos nos falando, ela manda muitas mensagens de texto; é sua forma preferida de comunicação. O diretor Assayas deve ter notado, já que em ‘Personal Shopper‘ ele aponta a câmera para suas mãos frenéticas por uma longa sequência. “Aqueles são meus dedos no filme, que geralmente estavam trêmulos pela velocidade que eu estava escrevendo… Não teve nem efeito especial, fiquei orgulhosa. Prefiro mandar uma mensagem curta do que falar no telefone, a não ser que seja necessário falar.” Um novo amor e uma nova consciência levou embora as sombras de Kristen? “Após uma perda, você sente medo de ficar frente a frente com o desconhecido. Nós não sabemos o que acontecerá quando morrermos, em qual estado estaremos… Quando você coloca sua cabeça no travesseiro e você se pergunta “O que vai acontecer?” e “Eu tenho tudo sob controle?”, você pode sentir uma ansiedade que se torna física. Eu sei disso, eu sei que a mente não pega leve e isso te esmaga. Mas eu aprendi a me acalmar e não cair nesse buraco.”

Fonte | Tradução: Equipe Kristen Stewart Brasil