Kristen conversou com a ELLE UK, revista que é capa do mês de setembro, sobre seu relacionamento com Alicia Cargile, sua ansiedade, a primeira vez que votou e muito mais! Confira:

Se você acha difícil acreditar que existe alguém em Los Angeles que nunca ouviu falar de Kristen Stewart, você não conhece o Errol. O homem octogenário no local da votação para os candidatos democratas é inconsciente sobre a mega estrela em frente dele. “E você é?” Ele perguntou enquanto movia-se rapidamente por seu registro. “É S-T-E-W-A-R-T,” Kristen sussurra, não querendo proclamar alto seu nome completo, que parece pertencer mais as outras pessoas do que ela própria.

Mas não, Errol não a ouve muito então ela relutantemente aumenta o tom de sua voz para anunciar-se uma vez mais. E então há um problema: É a primeira vez que Kristen está votando (“É terrível, eu sei, mas eu sempre estive longe ou nessa bolha estranha”) e ela foi marcada como ausente. Errol não aprova e dá um formulário para ela preencher. Eu suponho que ela está gostando dessa interação completamente normal – o formulário não sendo arrastado e preenchido para ela deve ser uma novidade. Ela pega a carteira de motorista, que tem a foto de uma menina que parece muito Bella Swan de ‘Crepúsculo‘, e vai ao trabalho. Uma vez que votamos, ela votou por Bernie Sanders, a propósito, nós duas colamos um adesivo de ‘Eu votei’ e eu me sinto orgulhosa de ter feito um pouco pela política dos Estados Unidos – mesmo que quando estamos voltando para sua casa em um condomínio fechado, é anunciado no Twitter que Hillary Clinton ganhou a candidatura Democrata.

Ela dirige como fala, rápido e de repente em uma direção e então parando bruscamente antes de dar outro solavanco. Encurvada no volante e xingando como um marinheiro, Kristen é uma combinação persuasiva de irascível e um tipo Kerouac de legal. Ela tem 26 anos, a mesma idade da minha prima mais nova (de quem sou muito próxima), e eu me sinto no mesmo papel que tenho com ela: protetora e ainda assim prática, entusiasmada para fazer as coisas mais confortáveis para uma pessoa que é razoavelmente menos confiante em termos sociais do que eu. Ela não usa cinto de segurança, apesar do barulho incessante do carro e eu digo a ela no final para colocar o sinto pelo amor de Deus, e ela coloca. Eu sinto esse instinto de que quero mantê-la a salvo. Há uma rosa murcha no painel e eu tenho um pressentimento de quem é (fique ligado). O fato de que ela mantém a rosa lá me faz pensar que meus instintos podem estar certos – ela é uma dessas pessoas que se importam tão intensamente que sempre estão no limite do sofrimento. Mas então, como Anne Bront escreveu, ‘quem não se atreve a agarrar o espinho, nunca deverá desejar a rosa.’ Mais tarde, Kristen me diz, “Há pessoas que são realmente consumidas por seus relacionamentos, e outras que dividem e focam em outras coisas. Há pessoas na vida que apenas sente pra caralho e algumas que não se deixam chegar a esse ponto.” “Então você é o primeiro?” Eu pergunto. “Sim! Eu acho que também, agora, eu estou muito apaixonada pela minha namorada. Nós terminamos algumas vezes e voltamos, e dessa vez eu fiquei tipo, ‘Finalmente, eu posso sentir de novo’.” Sua namorada é Alicia Cargile, uma artista de efeitos digitais. Ela não é, e nunca foi, a assistente pessoal de Kristen. (“A Alicia fica muito brava quando as pessoas escrevem isso. Ela é uma artista de sucesso por sua própria conta.”)

Nós estamos de volta em sua casa nos subúrbios de Los Angeles, o bairro boêmio de Los Feliz, bebendo café gelado no interior de sua casa de dois andares. Ela tem uma vibração aconchegante e animada – característica e povoada, ainda assim arrumada o suficiente para saber que ela realmente ama seu espaço. Seus cachorros ficam no terraço olhando para a piscina infinita. Kristen, que está usando um jeans skinny cinza, Converse branco, uma camisa branca com um colar de cadeado, balança suas mãos em direção a um cinzeiro cheio na mesa de café. “Isso é um problema,” ela diz. “Conforme estou ficando mais velho, estou ficando com mais TOC. Se as coisas estão uma bagunça, eu sinto como se tivesse perdido tudo. Então eu demoro para arrumar, o que é tão estúpido. Eu digo para mim mesma, ‘Apenas faça o que você tem que fazer. Se você quer escrever algo, se você precisa colocar um pensamento pra fora, se você precisa ligar para alguém sobre algo criativo, faça agora! Você não precisa organizar sua mesa primeiro.'”

Nós falamos mais sobre controle e ela reconhece que “uma vez que tudo está certo, eu posso criar um espaço ou me envolver em uma situação que eu possa completamente me perder.” Eu sugiro que isso é o que a faz uma atriz tão cativante. Esteja interpretando a sem emoções Nia no romance sci-fi ‘Equals‘ ou uma caprichosa menina da sociedade de 1930 no novo filme brilhante de Woody Allen, ‘Café Society‘, você acredita nela. Em uma crítica de quatro estrelas, o The Independent disse que o mais recente trabalho de Allen é “gentil, extravagante e filmado luxuosamente”, enquanto a performance de Kristen foi muito elogiada, e com razão.

Apesar de ela estar entrando na direção e nesse verão vai estar trabalhando em seu primeiro curta – um “filme muito sobre arte visual” – ela ainda ama atuar. “Eu tenho um senso de identidade muito grande quando estou trabalhando,” ela diz. “Se estou tendo um dia ruim, ou algo existencial ou hormonal… Se alguma coisa me coloca para baixo, tenho sorte de ir trabalhar naquele dia. E pode ser qualquer coisa, de um filme a um photoshoot para a Chanel.” Ela é a embaixadora da marca e também o rosto da Chanel Beauty, um papel que ela pode se jogar com entusiasmo porque Lucia Pica, a nova Designer de Maquiagem e Cor da Chanel, é o que ela chama de “uma amiga e uma verdadeira visionária.” Ela diz que estar ao redor de pessoas que a inspiram a fazem se sentir “estimulada e como se eu tivesse um propósito. Como se eu fosse forte, confiante e me sinto muito bem. Então em termos de identidade, eu amo meu trabalho.”

O que ela não ama é tudo o que vem com o trabalho: “Quando estou fazendo um filme ou desenvolvendo algo, eu realmente esqueço sobre a “celebridade” e que eu tenho alguma responsabilidade de interagir com o público, o que é um nível pessoal para mim, mas não é nada pessoal para eles. É um relacionamento completamente desequilibrado.” Ela dá um trago em seu cigarro e assopra a fumaça no meu rosto, antes de se desculpar profusamente e mover-se para o terraço resmungando, “Desculpe, desculpe. Isso é horrível.” Me junto a ela no calor de meio dia, e aprecio a vista de palmeiras e mansões transbordando entre os arranha-céus distantes.

“Eu faço o que eu faço muito naturalmente,” ela continua. “A parte que não é fácil é falar com tantas pessoas ao mesmo tempo. Eu sei como falar com você, mas eu não sei como interagir com o público, porque não é somente uma pessoa – não há um jeito de falar com essa entidade.” Como ela seria se não fosse famosa? Ela ri. “Talvez eu seria mais confiante. Talvez eu tivesse um Instagram público e ficaria obcecada com quantos seguidores eu tenho, porque eu precisaria de toda a atenção. Eu seria uma dessas pessoas que falam muito alto em restaurantes. Eu precisaria performar. Atores querem que sejam vistos. Eu sou a antítese disso quando estou em público. Eu fico tipo, “Por favor pessoal, eu não quero existir.” Mas ainda há um desejo forte em mim de ser vista. É tão estranho.”

Eu falo com ela sobre a minha entrevista no dia anterior com Amandla Stenberg. Ela é uma jovem estrela a qual a fama é um resultado de falar diretamente com seus fãs e deu a ela sua narrativa que de um jeito parece ser coisa de outro mundo para atores como Kristen que são quase uma década mais velhos. Nós falamos sobre os vlogs de Amandla, onde ela é aberta sobre tudo, incluindo descobrir sua sexualidade e si mesma. “Isso é tão honesto e legal,” diz Kristen. “Eu realmente admiro isso. Com sorte, eu posso me sentir orgulhosa de um jeito diferente porque reconheço que muitas pessoas olham para mim e me tomam como exemplo.”

Ela diz que não estava exatamente escondendo nada nos últimos anos, mas sente agora, mais do que nunca, que ela não está sendo “roubada”. Ela diz, “As informações não estão mais sento roubadas de mim porque eu não escondo nada. Eu não ligo sobre a cobertura da mídia. O que eu ligo é viver de um jeito honesto e eu realmente estou.” Eu interrompo para perguntar se ‘tomar por exemplo’, significa ser aberta sobre sua namorada. “Sim! Quando eu estava namorando um cara, eu estava escondendo tudo o que era pessoal que eu fazia porque era imediatamente banalizado. Nós [Kristen e seu ex-namorado, o co-star de ‘Crepúsculo‘, Robert Pattinson] viramos esses personagens e fomos colocados nessa história em quadrinhos ridícula, e eu ficava, “Isso é meu. Você está tornando meu relacionamento em algo que não é.” Eu não gostava daquilo. Mas isso mudou quando comecei a namorar uma menina. Eu pensei que, na verdade, se eu escondesse isso pareceria que eu estou com vergonha, então eu tive que mudar o jeito que abordava estar em público. Eu abri mais a minha vida e estou muito mais feliz.”

Estou contente que sua sexualidade não foi a causa de qualquer crise ou confusão. Como uma garota com uma namorada, eu sei que não há nada mais chato do que ficar presa em uma conversa com alguém que quer saber cada detalhe de como você assumiu e secretamente espera que há algum conflito interno no caminho, ou pergunta o quão “gay” você é na escala Kinsey, ou como você soube que era atraída por mulheres. Mas Kristen e eu concordamos que nada disso importa.

Não quero dizer que as coisas sempre foram fáceis. No topo de sua fama com ‘Crepúsculo‘, ela admite, “Eu passei por muito estresse.” A pressão de ser uma jovem estrela contribuiu uma séria ansiedade física: “Eu tive ataques de pânico. Eu costumava vomitar todo dia e casualmente também. Com sorte, eu nunca sofri de algum distúrbio alimentar, não tinha nada a ver com isso. Eu sempre tinha dor no estômago. E eu era uma controladora louca. Eu não conseguia antecipar o que ia acontecer em uma certa situação, então eu ficava, ‘Talvez eu vou ficar enjoada.’ E então eu ficava enjoada.”

Então como ela ficou melhor? A situação mudou ou ela mudou?

“Eu mudei, essa é a coisa – em um certo ponto eu percebi que o medo era a morte, mas eu passei por tanta coisa que não me matou e… Desculpe, eu sei que isso soa dramático. É meio sobre o que o meu curta é – esse primeiro assopro, essa primeira vez que você percebe [ela balança sua cabeça, seu cabelo platinado caindo sobre seus olhos], “Oh, não, não, não, eu estou bem.” E é realmente olhando para trás que eu percebo que a ansiedade foi embora. Eu não tinha mais energia para fazer aquilo.”

Eu me pergunto se ela ainda tem essa ansiedade na boca de seu estômago mas ela diz que não. “É meio notável. Eu parei um pouco com isso, mas não quer dizer que eu não fique preocupada.” Ela me diz que recentemente visitou um acupunturista porque ela não consegue dormir e disseram que suas glândulas supra-renais funcionam em uma taxa elevada. “Eu sou uma pessoa hiperativa. Eu acordo aqui [ela faz um gesto acima da sua cabeça]. Então conforme o dia passa, a maioria das pessoas sistematicamente produzem menos e menos adrenalina então eles estão prontos para dormir, mas eu tenho essa coisa que fica lutando, então não abaixa.” Ela reconhece que isso é uma resposta a ansiedade, “mas isso não me deixa debilitada. Se eu não estou dormindo, estou bem. Não me preocupa. Eu não tenho problemas com as horas estranhas.”

Sua equipe de artistas e outras atrizes como Dakota Fanning mantém ela no chão, e como todos nós, ela tem amigos diferentes para coisas diferentes. Ela diz, “Há pessoas que é tão fácil para mim ser compassiva. Tudo o que faço quando os vejo é elogiá-los. Eu fico constantemente tipo, ‘Cara, isso fica tão bem em você.’ Funciona dos dois jeitos, e no fim do dia eu fico tipo, ‘Por que estamos sentados aqui elogiando um ao outro? Que porra está errada com a gente?! Nós obviamente precisamos disso.'”

A maioria de seus amigos vivem em Los Angeles, mas a casa da Kristen é a casa da festa: “Eu tenho uma sala que é a prova de som então eu posso tocar bateria bem alto.” Ela também gosta indiretamente dos perfis de seus amigos no Tinder, mas diz, “Não acontece muito. Eu estou sempre, ‘Espera, me deixa ver!’ É muito divertido. Eu já olhei por cima dos ombros e disse ‘Você deveria dizer isso…’ e eu já deslizei algumas vezes, mas outras vezes eu estrago tudo e deslizo pra direção errada.”

Algumas vezes ela entra nos fundos de um bar para “dançar algumas músicas estúpidas com meus amigos”, e em particular, ama ‘Emo Night‘ em seu bairro. “Honestamente, é uma renovação da alma, é tão inspirador. Acontece uma vez por mês e eu gostaria que acontecesse mais vezes, mas é basicamente um lugar com 300 pessoas apenas ouvindo alguma música que não é legal. Nada me faz me sentir melhor do que isso.” Ela admite ser uma dançarina relutante. “Gostaria de não ser. Já tive experiência onde era quatro da manhã e eu estava em Paris e fiquei tipo ‘Espera, é Rihanna,” e comecei a dançar. E então eu fico tipo, ‘Isso foi tão divertido, por que não consigo aproveitar isso com mais frequência?’ Parece que algo passou por mim, eu fiquei com isso por um segundo e então perdi novamente.”

Ela olha para o adesivo de ‘Eu votei’ na lapela de sua jaqueta preta e agora parece uma boa hora para perguntar para Kristen se isso marca um novo estágio político na sua vida. “Eu me sinto um pouco mais ativa. Eu não estou mais tão atolada pelo meu trabalho. Consegui abrir meus olhos e ficar, ‘Oh, uau, eu vivo em um mundo que existe ao meu redor e nem tudo é sobre filmes.’ Eu fiquei tão consumida pelo meu trabalho por tanto tempo. É importante sair disso.”

Então ela sente uma pressão para ter uma “causa” do jeito que Emma Watson e Angelina Jolie fazem com tanta paixão? Ela diz, “Na verdade, eu queria que as pessoas colocassem mais pressão em mim. Quanto mais você fica exposta, mais você pode guiar seu poder. Eu não fiz nada disso ainda, mas eu entendo do que eu seria capaz.”

No meio tempo, talvez seja conquista demais que Kristen conseguiu sobreviver a ansiedade e crescer no meio de uma barreira de mentiras, julgamento e escrutínio público, saindo disso ainda positiva, gentil, honesta consigo mesma e, o mais importante, ainda com um senso de humor. Ela diz, “Eu tenho uma fé inabalável na minha base. E obviamente eu espero que tudo o que está acontecendo agora vá melhorar, mas eu sou confiante de que a vida é boa e eu vou ficar bem de qualquer maneira. Em momentos nublados e que me sinto saturada, por mais que esses sentimentos sejam intensos, eles são passageiros. Eu acho que eu sou muito boa em ser feliz.”

Se eu fosse ela, eu não sussurraria meu nome, eu diria alto e com orgulho. Kristen Stewart pode ter votado pela primeira vez, mas em seu próprio e pequeno jeito, ela já está mudando o mundo.

Fonte | Tradução: Equipe Kristen Stewart Brasil