Kristen é capa da revista francesa Illimité em sua edição especial de Cannes! A atriz concedeu uma nova entrevista onde fala sobre seu trabalho com os diretores Woody Allen e Olivier Assayas e mais. A revista também publicou novos stills de Café Society, confira:


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Woody Allen a queria mais feminina do que nunca. Pernas nuas em baixo de saias muito curtas, coberta por estampas algumas vezes ou com estola de pele em seus ombros. Em Café Society, nós estamos longe do moletom de Bella (Crepúsculo), a princesa gótica que a tornou uma estrela – o mesmo que ela usa como uma segunda pele em sua vida real, preferindo o estilo grunge ao arrumado de menina bonita. Mas se Allen conseguiu transformá-la em uma boneca coquete, ele é surpreendido com a realidade sobre a atriz: ela é totalmente indiferente ao barulho que ela cria com sua beleza, mesmo que seja ensurdecedor. Para impor – apesar de todos a filmarem – um determinado perfil discreto quando se trata de sua capacidade de seduzir qualquer espectador em um piscar de olhos. Então, sim, quando Vonnie aparece em Café Society, é óbvio que ela será o objeto de desejo. Cada homem da história cairá em seus braços ou em profunda tristeza se ela não escolher ficar com eles. Mas a natureza discreta e passiva da atriz que amamos e estamos procurando rapidamente aparece. Estamos novamente encontrando a juvenil e estranha moleca com o olhar preocupado e o sorriso doce que dá para Kristen Stewart um poder que se torna feitiço, um encanto até com a dor que vem junto com cada “tapa” estético. Tão barulhento quanto inofensivo.

K-Stew é a nova musa do Sr. Allen, o que faz dela a incontrolável isca de Café Society, confirmando a legitimidade da mega estrela de 26 anos no cinema. Illimité ligou para ela em Los Angeles para falar sobre isso. Aqui vamos nós.

ILLIMITE: Você está com Woody Allen! É a consagração legítima e definitiva, não é?
KRISTEN STEWART: Quando eu fiz a audição, meu primeiro grande desafio foi vencer minha falta de confiança. Eu estava tão aterrorizada com a ideia de trabalhar com um grande monumento, com seu universo tão singular, e com sua própria linguagem. Se você não consegue entender seus códigos, está tudo acabado. Eu fiz a audição sem ter lido o roteiro, sem saber sobre o que era o filme. Só me deram um pedaço de papel com um diálogo. Mas, você sabe, um filme do Woody Allen é tão bem escrito, tão inteligente…

I: Ele te tratou como a “novata”?
KS: Os filmes dele são como um artesanato de luxo, ele é como um grande artesão. No set, ele te leva para o mundo dele. Ele faz tudo ao seu alcance para você se sentir confortável, se divertir tanto que no fim do dia, você não sente que estava trabalhando.

I: Eu gostaria de voltar para o que você disse, você ainda faz audição para os papéis?
KS: Sim! Minha personagem, Vonnie, eu nunca interpretei alguém como ela, nem cheguei perto. Ela é suave, engraçada, alegre, todas essas qualidades que eu não tenho. Eu acho que ele queria ter certeza que eu conseguiria fazer a personagem. Você sabe, eu não ligo de ter que fazer audições. É raro, mas eu não ligaria se me pedissem para fazer com mais frequência. Eu gosto de provar para mim mesma que eu mereço o que eu tenho. E te dá a confiança de saber que você foi escolhida após ser julgada em seu direito.

I: É verdade que Vonnie é alegre e ingênua, ela circula com saias curtas e um laço em seu cabelo. Vai ser estranho para o público que conhece você como misteriosa e quieta.
KS: Novamente, é tão bem escrito que eu não tive que trabalhar muito para entrar no personagem. Eu trabalhei no meu sotaque californiano e tentei ficar o mais natural possível, sem parecer um desenho. E principalmente, eu tive Jesse (Eisenberg) como parceiro, com quem eu já fiz alguns filmes (Adventureland em 2008 e American Ultra em 2015). Nós somos amigos, nós vimos o crescimento um do outro enquanto trabalhamos nesses três filmes. É engraçado, por falar nisso, ver a evolução de três casais que formamos, de adolescentes inocentes para duas pessoas que são confrontadas com a dura realidade da vida e escolhas ruins. Entre nós, é fácil. Nós nos tornamos dois nerds quando estamos juntos. Então, eu fico confortável com ele. Não tenho vergonha de nada, ele é O parceiro com quem posso relaxar.

I: Especialmente porque você não possui nenhuma técnica para se assegurar se você errar. Você sempre disse que nunca fez aula de atuação, nunca trabalhou com um professor, e que gosta de improvisar…
KS: Eu não sou contra isso, mas até agora, nenhum dos meus papéis exigiu a ajuda de um professor. Se eu conseguir um papel que precisaria que eu acessasse alguma zona emocional que eu nunca explorei, eu pensaria sobre isso. Mas até ensaiar muito me incomoda. Isso destrói o que eu posso dar quando a câmera está rodando, aquela vertigem da primeira tomada. Isso mata a realidade, o momento, e então nós caímos em uma imitação da vida real e tudo o que eu consigo pensar é como isso é “falso”. Ter aula é como fazer terapia. Você acaba se conhecendo tão bem que quando você tem que encarar uma situação, você sabe quais botões apertar para ter a reação certa. Esse aspecto intencional das coisas me incomoda. Eu preciso tremer de medo, de estresse, com energia. Preciso não estar preparada e confiante. Isso é não profissional? Não, é assim que construí minha carreira e está funcionando para mim. Até agora está tudo bem! (Risos)

I: Café Society mostra a crueldade de Hollywood, o sistema das celebridades, a parte ruim do seu trabalho que você tem sido publicamente criticada. E também, em Sils Maria de Olivier Assayas, como uma assistente de uma estrela de cinema, você está basicamente dizendo “Vão se foder!” para eles.
KS: Eu não estou dizendo “vai se foder” para a fama. Eu amo o meu emprego, e sim, não aprovo esses aspectos negativos, mas você sabe, filmes e o que dizemos neles, é ficção… É falso.

I: É verdade, mas ainda assim. Você e Robert Pattinson se tornaram estrelas internacionais com Crepúsculo. A saga acabou, ele está interpretando um motorista de limousine louco em Maps to the Stars, enquanto você está fazendo Sils Maria e em breve veremos você em Personal Shopper, novamente com Assayas, onde você também estará a serviço de uma celebridade. Você não acha que isso diz algo para as pessoas?
KS: Talvez esses personagens feitos por outra atriz não seria tão relevante, isso é verdade. Se um diretor quer falar sobre isso, então sim, é importante escolher atores que sabem o que isso significa, que realmente viveram isso. Olivier e Woody Allen entenderam isso.

I: Após Crepúsculo, você percebeu que queria trabalhar com esses diretores para apagar e se distanciar do impacto de Bella Swan?
KS: Eu nunca quis fazer isso, mesmo que eu saiba que o impacto é grande. Nas minhas escolhas, também tem o aspecto “vida”. Mesmo que um filme não seja tão bom, se me permite sentir alguma coisa, eu aceito, sem necessariamente me importar se é uma obra de arte. Não há escolhas cuidadosas ou estratégicas na minha carreira.

I: Mas é importante ser reconhecida por um grupo de intelectuais…
KS: Estou ciente que é legal ser associada com esses tipos de diretores. Como uma atriz americana, poder trabalhar longe de casa é uma ótima oportunidade. Há uma diferença, é sobre se arriscar e sobre a motivação. Como Olivier, eles não vendem a alma. Na França, as pessoas não fazem filmes por dinheiro ou para serem famosos, eles fazem porque são apaixonados, por necessidade e sem compromisso.

I: Obrigado! O sentimento é mútuo, já que Cannes selecionou Café Society e Personal Shopper
KS: É o meu tapete vermelho favorito de todo o mundo! Sabe o por quê? Porque você não precisa falar com ninguém, e ninguém fala com você. E você não sobe as escadas sozinha, e sim com todo o elenco e diretor. Você assiste ao filme e, como você pode sentir todos os fantasmas do passado no teatro, mesmo que o filme seja ruim, tudo vai bem. É ótimo.

Fonte | Tradução: Equipe Kristen Stewart Brasil