Kristen concedeu uma nova entrevista para a revista francesa Les Inrockuptibles onde ele fala sobre seus trabalhos atuais, Personal Shopper e trabalhar com Woody Allen, sobre os ataques em Paris e muito mais!

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Após ‘Sils Maria’, você está atualmente filmando ‘Personal Shopper’, o novo filme de Olivier Assaya’s. O que você pode nos dizer sobre sua personagem?
Eu estou literalmente me matando para esse filme, minhas costas estão quebradas. Estou 100% envolvida. Eu não tinha percebido o quão profundo e existencial era, e o quanto me move. Eu interpreto uma menina muito muito muito solitária, que não sabe ao certo quem ela é. Seu irmão gêmeo morreu. E ela possui uma obsessão: entrar em contato com ele. Ao mesmo tempo, ela é uma compradora para essa mulher que é uma figura pública e possui um estilo de vida muito superficial. Esse é um filme sobre realidade, sobre o que é real. Tudo o que sentimos é real? Do que nós dependemos?

Você trabalha em Paris para esse filme. Você estava lá na noite dos ataques?
Não, em Praga, nós deixamos Paris 48 horas antes. Nós estávamos todos juntos, estávamos tendo uma boa noite e muito rapidamente as notícias chegaram em nossos celulares. Nós tivemos que gravar no dia seguinte, e pareceu completamente absurdo. Para interpretar, contar uma história, você precisa estar completamente focado no que está fazendo. Em uma situação dessas, é complicado. Toda a equipe era francesa e estavam todos chocados e constantemente em seus celulares. Eu acho muito difícil falar desse tipo de evento. Nós tocamos o inconcebível, o impensável. Nós somos uma geração que não conhecemos a guerra, não é parte de nossa vida diária e nem esse tipo de violência. É algo que geralmente lemos nos jornais. A intensidade do choque que sentimos prova que nós não fazemos ideia do que é isso. Para uma grande parte da humanidade que vive em um país em guerra, não é um choque, é apenas a realidade de todo dia.

Você diria que Sils Maria foi uma virada de jogo na sua carreira, de um jeito de se posicionar como atriz?
Eu sinto que Olivier realmente me escolheu – bem escolhido – para esses dois filmes. O elenco realmente faz sentido, ele não me ligou porque ele acha que sou legal. Ele me aceitou com tudo que eu sou e represento no mundo do cinema. ‘Sils Maria‘ foi muito objetivo, ele brinca com isso. As pessoas não possuem nenhum desejo de saber como algumas vezes é difícil ser atriz, lidar com a superficialidade, os negócios, celebridades.

Sils Maria‘ foi como um abrigo, um lugar seguro onde pude dizer as coisas que não conseguiria sem parecer uma mal agradecida. Eu também descobri com ele a grande diferença entre os diretores americanos e os diretores franceses como ele. Na França, você sabe que sem se arriscar, sem se colocar em perigo, não há nenhum trabalho artístico. A cinefilia que não temos nos EUA também faz a diferença. Dinheiro, reconhecimento dos críticos é importante, mas em segundo lugar. E tudo isso me confortou do jeito que eu precisava e me deu confiança.

Você é uma das musas da Chanel. Você apresentou ‘Once and Forever’ em Roma, o último curta de Karl Lagerfeld em que você interpreta Coco jovem, ao lado de Jérémie Elkaïm e Geraldine Chaplin. Você se sente confortável no mundo da moda?
Depende das pessoas que eu conheço. Eu acredito na parte criativa, eu gosto. O jeito que as pessoas podem ser atraídas para esse mundo pode ser nojento. Eu desfruto da companhia do Karl. Ele é uma enciclopédia viva. Ele quer passar isso para as gerações mais jovens ao redor dele. Ele poderia ter um grande ego – e talvez tenha – mas eu acho ótimo que ele esteja nessa posição. Inspiração é realmente sobre o que ele é obcecado, o que leva ele a criar o que ele cria. Ele ama filmes, acho que ele poderia ter sido um diretor em outra vida. Eu amo aprender com os diretores que trabalho.

O que você aprendeu com Woody Allen, que você acabou de filmar?
[Ela pensou por um longo tempo.]

Sua escrita. É precisa, virtuosa. Ele tem sua própria linguagem. Quando ele fala, é uma mistura de humor e arrogância. Annie Hall continua sendo meu filme favorito do Woody.

Qual diretor é importante para você?
Martin Scorsese. Ele é capaz de fazer grandes filmes. Na França, eu amo Jacques Audiard. O Profeta me transportou… Eu mataria para trabalhar com ele. Eu também amo Andre Arnold. Amo Fish Tank. Esse ano, eu amei Mustang, o filme de Deniz Gamze Erguven.

Você interpretaria uma Bond girl?
Não. Eu não tenho problema em ser parte da cultura de entretenimento – e James Bond é uma ótima ilustração disso. Mas me tornar a definição de um sex symbol e apenas isso, não. Eu não tenho problema em ser sexy, mas eu preciso de uma história.

Você disse que você não quer se definir, que você é uma ambiguidade. Você acredita em fluidez de gênero?
Totalmente! A pressão insana e absurda posta em pessoas que não se encaixam no modelo dominante me enoja. Eu acho esse desejo por controle arcaico e louco. Eu sou sortuda, vivo em Los Angeles, cresci em West Hollywood, meus pais são de mente aberta e sempre me encorajaram a ser livre. Eu trabalho com filmes, sei que não é tão fácil para todos.

Você está entre constante atenção. Você é examinada de perto, nós podemos te ver com seus meninos e meninas no Instagram.

Sim, mas eu não ligo. Com isso dito, eu acho que as coisas estão mudando nas gerações mais jovens. Tenho certeza que se eu tiver filhos, eles não irão entender o motivo de ter sido um problema. Quando eu era criança, a diferença era um problema. Era comum ouvir “Oh, você é gay, você é estranha, oh você parece um menino.” E talvez sim, talvez não, depende de com quem estou saindo agora.

O que você está ouvindo no momento?
Eu não sei o que acontece comigo, sempre volto para Oasis. Sou louca por Bon Iver e seu novo grupo, Volcano Choir. É mais rápido e menos folk do que o que ele estava fazendo quando estava solo. E também, The Specials. Eu amaria escutar música eletrônica. Mas não consigo. Uma coisa que me deixa louca, quando quero dançar, é ska.

Fonte | Tradução: Equipe Kristen Stewart Brasil