O site The Wrap publicou hoje uma crítica sobre o filme de Tim Blake Nelson e que conta com Kristen no elenco, Anesthesia. Confira:

ATENÇÃO: CONTÉM MUITOS SPOILERS!

Anesthesia, do diretor e roteirista Tim Blake Nelson, é um desses dramas em conjunto em quais as relações entre um grupo de pessoas só é clara conforme o filme for avançando. Esse tipo de filme geralmente tenta nos dizer que estamos todos conectados, e que estamos nessa juntos, mas Nelson evita o sentimentalismo inteiramente, muito para seu crédito.

Um ator veterano, Nelson tem o tipo de rosto que parece esperar o pior, e ele escreve seus roteiros e faz seus filmes de acordo com isso.

O amado professor Walter Zarrow (Sam Waterston) é visto primeiramente comprando flores para sua esposa Marcia (Glenn Close) em um mercado de esquina. Vivo em uma onda de auto-intoxicação, Professor Zarrow se apresenta para o homem que o vendeu flores por muitos anos no local, Ignacio (Ivan Goris), e sua bonomia ligeiramente condescendente leva ao problema: Depois de um corte discreto de Zarrow, vimos que ele foi esfaqueado do lado de fora de um prédio no Upper West Side, de um jeito “perfeitamente sem noção”, como ele diz para um homem (Corey Stoll) que vai o ajudar, e então o filme volta para pouco tempo antes do esfaqueamento.

O filho de Zarrow (Nelson) está lidando com o fato de que sua mulher (Jessica Hecht) está passando por um susto com o câncer, enquanto em Nova Jersey nós conhecemos a esposa do banqueiro de investimento de Stoll, uma loira alcoólatra interpretada por Gretchen Mol. Nós assistimos competições de irritação entre Mol e uma mãe na escola de sua filha e uma discussão forte sobre uma cadeira em um café entre a estudante Sophie (Kristen Stewart) e um garoto insensível, e então vimos um impasse entre um inteligente e desamparado viciado em heroína (K. Todd Freeman) e seu afastado irmão advogado (Michael K. Williams). A escrita nessas cenas é muito estudada e apenas nesse lado do arco, e isso é um desafio que todos os atores tem que negociar.

Esses são personagens articulados, e algumas vezes até exageradamente articulados, pessoas que usam palavras como “irrepreensivelmente”, “remuneração” e “antiquado”. Ou você se esforça para que essas palavras venham naturalmente até você ou não, e a maioria dos atores passam no teste, particularmente Stewart, que tem um monólogo no escritório do conselheiro onde ela descarrega toda a raiva e ressentimento sobre a vida de sua personagem.

Nelson mostra sua habilidade com performance nessa cena, deixando Stewart ir tão fundo e duro nos sentimentos mais sombrios de Sophie. Sophie de Stewart é tão desesperada sobre o que ela vê ao seu redor que ela se queima com um modelador de cachos com o propósito de sentir algum controle sobre sua vida, e Stewart faz com que essa punição em si mesma pareça convincente e necessária.

Stewart é tão forte e dura aqui que ela joga Anesthesia um pouco para fora da balança. O que ela faz em sua cena com o conselheiro é tão fascinante que é decepcionante ter que voltar para a cena dos personagens de Mol e Stoll, nenhum dos dois tendo muita razão para estar ali exceto um conjunto de roupas. O professor de Waterston, que ensina filosofia com especialidade em Schopenhauer, é uma criação perigosamente de auto-satisfação, com o tipo de alunos extasiados e adorados que parecem apenas existir em filmes com professores grandiloquentes como personagens (certamente um ou dois deles podem parecer um pouco entediados com suas lições, ou ao menos não impressionados).

A vida doméstica que Walter compartilha com sua esposa Marcia parece ser tão aconchegante que começa a ser um pouco irritante, o que é parcialmente sobre o que o misterioso esfaqueamento é – talvez uma espécie de réplica cósmica. Talvez o professor Zarrow está provocando o destino por ser tão feliz consigo mesmo e com suas lições sobre a futilidade da linguagem e existência, tudo que Waterston dá com uma espécie de entusiasmo incongruente.

A edição e a composição aqui pode ser um pouco deselegante, e alguns personagens podem não ser completamente realizados, mas em última análise, Nelson transcende os limites de seu próprio material através de pura determinação e raiva vívida. É a raiva que corre em “Anesthesia” que dá seu sabor, seu humor e sua gravidade. Esse filme exige ser levado muito a sério, e ele ganha esse direito. O desespero abatido que está sempre no rosto de Nelson nas telas também inunda o melhor de sua escrita aqui, assim como ao dirigir Stewart, com quem ele junta forças muito dinamicamente.

Fonte | Tradução: Mari – Equipe Kristen Stewart Brasil