Confira abaixo uma entrevista realizada no Sundance Film Festival 2014, na qual Kristen fala sobre sua personagem em Camp X-Ray e a preparação que foi necessária para viver a mesma.

Kristen Stewart encontrou semelhanças entre ela e a guarda da Marinha da Baía de Guantanamo, personagem que ela interpretou em Camp X-Ray, filme que teve sua estreia nesta sexta, no Sundance Film Festival.

“Ela tinha aspectos que eu tenho e que eu pude sentir,” disse Stewart sobre sua personagem Amy Cole, que era designada a cuidar das pessoas detidas há anos na Baía de Guantanamo. O filme é uma história fictícia sobre uma amizade desenvolvida entre Cole e Ali, um suspeito de terrorismo preso na base naval dos EUA pouco depois dos ataques de 11 de setembro.

Stewart falou sobre retratar alguém não tão diferente de si mesma, pressupostamente em contraste com a adolescente apaixonada por um vampiro, que interpretou nos filmes de Twilight.

Quando foi feita a pergunta sobre suas experiências gravando, ela brincou: “Eu esqueci como virar à esquerda. Eu estava em constante rotação,” disse referindo-se à sua personagem fazendo rondas em um pequeno bloco de celas, muitas vezes empurrando um carrinho de livros da biblioteca.

Em um tom mais sério, ela falou sobre a importância da preparação para o papel.

“Ensaios foram bastante necessários,” ela disse. “Felizmente, há uma grande quantidade de material (para pesquisa). Assistimos vários documentários. Existem várias lembranças e os dois lados da moeda. Eu então passei três dias com essa pessoa incrível da Marinha e aprendi coisas de uma maneira bem acelerada.”

Entre elas, como ficar em pé e andar como uma pessoa da Marinha.

“Ele literalmente me mostrou como andar,” disse Stewart. “Não é como um papel fisicamente extenuante, mas devo deixar claro que eu tive um treinamento- apesar de eu só andar em círculos.”

Mesmo com sua postura ereta, foi também necessário aprofundar o estado emocional de sua personagem.

“Importante para mim era descobrir quem ela era,” Stewart disse.

Quando perguntamos ainda mais sobre o papel, ela se referiu à sua co-estrela, Peyman Moaadi, que interpreta Ali.

“Você é tão carismático,” ela disse para Peyman.

Ele então alegremente aceitou o elogio. “Nós ensaiamos por mais ou menos uma semana. Foi como aulas de teatro para nós. Nós compartilhamos diversas ideias. Foi muito importante para entrar no clima.”

“Nós fizemos outra coisa: Alguns de nós ficamos em celas. Nós pedimos para ficarmos trancados. Eu fiquei lá por algumas horas.”

O diretor de Camp X-Ray, Peter Sattler, foi então adicionado à conversa: “Nós deixamos ele lá.”

Moaadi brincou: “Eu só saí de lá para vir pra cá. Vou voltar.”

Sattler disse que ele tentou aproximar a história de um àngulo pessoal e não político.

“Eu sempre fui atraído por histórias pequenas sobre coisas grandes,” Sattler disse. “Baía de Guantanamo é um assunto estranho. Ele é repleto de todos os tipos de coisas espinhosas e difíceis de trabalhar. Porque há tanta propaganda o rodeando, desde o começo nós queríamos fazer um filme que não apresentasse propagando de maneira alguma, um filme que não te contasse o que você deve pensar, mas que simplesmente apresentasse uma história bastante humana.”

A ideia veio de uma imagem que ele viu em um documentário em que um detento e uma guarda estavam conversando sobre livros.

“Eu pensei, ‘Uau, e se eu fizesse um tipo de filme de apenas duas vias, um cenário onde apenas esses dois personagens somente conversassem? Sobre o que essas pessoas conversariam? Como seria a relação delas? Parecia uma forma legal de endereçar a Baía de Guantanamo inderetamente. Não é sobre a Baía de Guantanamo, mas nós meio que ainda podemos tocar no assunto.”